Mesmo vetando o plantio de cana e a instalação de usinas sucroenergéticas na Bacia do Alto Paraguai, o Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar (ZAE Cana) aponta que Mato Grosso do Sul é o estado do País que possui a maior quantidade de áreas altamente aptas para a expansão do setor sucroenergético, levando-se em conta as condições edafo-climáticas e de uso do solo.
Segundo o zoneamento, dos 10,8 milhões de hectares que o Estado possui como aptos para a expansão do setor, mais da metade, 6,2 milhões de hectares, é formada por áreas que possuem excelentes condições de receber o plantio da cana e a instalação de usinas.
Dessas áreas, 5,4 milhões de hectares estão ocupados por pastagens e quase 800 mil hectares, pela produção de outras culturas.
Essas áreas com alto potencial canavieiro estão localizadas em uma extensa faixa de terra que corta o Estado de Norte a Sul, começando em Costa Rica, na região do Bolsão, e terminando em Eldorado, no Cone-Sul. Essa zona avança de Leste a Oeste e chega até Campo Grande.
O coordenador da Comissão Técnica de Bioenergia da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Luís Alberto Moraes Novaes, disse que esse é um aspecto positivo do estudo do governo federal, que comprova que o Estado é realmente a nova fronteira agrícola do setor.
“Isso reforça o que já vínhamos falando, desse imenso potencial do Estado e com certeza vai ajudar muito na expansão do setor, atraindo para Mato Grosso do Sul novas empresas, de olho nessas excelentes condições para a produção. Em contrapartida, não podemos deixar de lembrar que para nós o ZAE Cana tem um grande aspecto negativo ao proibir o plantio de cana na Bacia do Alto Paraguai, em uma área de 1,2 milhão de hectares”, comenta.
Segundo Novaes, a Famasul está articulando com o governo do Estado uma estratégia para questionar através da bancada federal no Congresso Nacional a proibição da expansão do setor na Bacia do Alto Paraguai.
Alto potencial
Para definir as áreas com potencial para a cultura, os técnicos que elaboraram o ZAE Cana levaram em conta no aspecto do clima: a temperatura média anual maior que 19ºC, o risco de geada inferior a 20% e a deficiência hídrica (diferença entre a quantidade de água que entra no solo através chuva e a que é perdida pela evaporação e transpiração das plantas) inferior a 400 milímetros.
Já sobre o solo, foram analisados os seguintes quesitos: deficiência de fertilidade, deficiência de água, excesso de água ou deficiência de oxigênio, suscetibilidade à erosão, impedimentos à mecanização e impedimento ao sistema radicular.
Com base nesses critérios, o ZAE Cana apontou as áreas com alta, média e baixa aptidão para a cultura.
Terceiro em área total
Quando analisada toda a área disponível em Mato Grosso do Sul com potencial para receber empreendimentos sucroenergéticos, se incluindo as terras classificadas como de média e de baixa aptidão, o Estado é o terceiro do País, ficando atrás apenas de Goiás, que tem 12,6 milhões de hectares e de Minas Gerais, com 11,2 milhões de hectares.