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Independência devolve plantas arrendadas

05 outubro 2010 - 00h00Por Via Livre com informações do site Beefpoint

Em mais um sinal de que sua situação financeira se agrava dia após dia, o Independência - em recuperação judicial - está devolvendo quatro unidades arrendadas da massa falida do antigo frigorífico Kaiowa. As plantas estão localizadas em Janaúba (MG), Anastácio (MS), Presidente Venceslau (SP) e Pires do Rio (GO).

Procurado, o Independência não comentou, mas o jornal Valor Econômico apurou que a devolução foi acertada com o administrador da massa falida por conta da situação financeira da companhia. Desde junho, o Independência não pagava as parcelas do arrendamento, o que levou o síndico da massa falida, Arthur Freire, a pedir o despejo das unidades. A reportagem contatou o escritório de Freire, mas não houve resposta.

Além dessas quatro fábricas, o Independência arrenda outras seis e tem oito próprias no país. Hoje, apenas Nova Andradina (MS), onde tem produção de carne e couro, Colorado d'Oeste (RO), com couro, e Santana de Parnaíba (SP), com charque, estão operando parcialmente.

Depois da aprovação da recuperação judicial, o Independência havia voltado a operar também Rolim de Moura (RO) e Janaúba. Esta última, agora devolvida à massa falida do Kaiowa, era uma planta importante para o Independência, pois tem habilitação para exportar carne bovina ao mercado europeu. Os valores envolvidos no arrendamento dos ativos da massa falida do Kaiowa não estão sujeitos à recuperação judicial do Independência.

Além de não pagar o arrendamento das quatro unidades que está devolvendo, o Independência também informou, na semana passada, que não pagará os juros agendados sobre o eurobônus de US$ 165 milhões, com vencimento em 2015. O não pagamento gerou especulações no mercado de que a falência da companhia poderia ser requerida, já que mês passado o frigorífico também adiou em dois meses o pagamento de parcelas da dívida da recuperação judicial.

Fontes próximas ao Independência afirmam, porém, que o fato de os papéis da dívida terem como garantia todos os ativos tangíveis da empresa, reduziria o risco de pedido de falência. Assim, em caso de default, os detentores dos bonds poderiam ficar com os bens da empresa. Como o bônus foi lançado depois de o Independência já estar em recuperação judicial - o plano de recuperação foi aprovado em novembro de 2009 -, os detentores dos papéis também teriam prioridade no caso de uma eventual liquidação da empresa.

As dívidas do Independência envolvidas na recuperação judicial chegavam a R$ 3 bilhões. No plano de recuperação aprovado, os credores financeiros (com créditos de R$ 2 bilhões) perdoaram 50% das dívidas. Mas ficou definido que se houver venda do controle, estes teriam direito a um bônus de subscrição, uma espécie de ação do frigorífico. Nesse caso, 50% do valor da operação será dividido entre os credores financeiros.

O perdão das dívidas dado pelos credores não foi, entretanto, suficiente para o Independência superar as dificuldades que vieram à tona a partir do fim de 2008, em decorrência da crise financeira internacional.

Diante disso, hoje empresa e credores discutem a possibilidades de converter as dívidas em capital do Independência. A empresa também procura um investidor financeiro ou estratégico, que coloque recursos na companhia, segundo um credor. Outra alternativa já aventada é a possível venda de ativos.