Começa hoje, em todo o Brasil, mais uma etapa de vacinação contra a febre aftosa nos rebanhos bovinos e bubalinos. Serão 114 milhões de cabeças de gado em seis estados do País, dos quais 16 milhões estão em Mato Grosso do Sul.
Ao todo, esta operação de defesa zoossanitária vai custar R$ 226 milhões nacionalmente, dos quais R$ 40 milhões serão gastos pelos pecuaristas sul-mato-grossenses.
Para Mato Grosso do Sul, a data marca a última fase de vacinação contra a doença. A partir de 2023, o Estado conquista o status de livre de aftosa sem vacinação. A nova classificação deve trazer a abertura de novos mercados internacionais e economia ao produtor rural.
O titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, destaca que o Estado chegou a 99% de cobertura vacinal em maio, na primeira etapa de imunização. O processo de vacinação é fundamental para que as etapas seguintes ocorram, que vão culminar em uma nova fase.
A ação faz parte da evolução do projeto de ampliação de zonas livres de febre aftosa sem vacinação no País, previstas no Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
“Mandamos novamente ao Ministério da Agricultura o posicionamento de Mato Grosso do Sul, da última etapa de vacinação agora em novembro. Porque a ideia continua sendo a certificação em bloco”, disse Verruck.
O bloco IV do plano estratégico (PE-PNEFA) inclui Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Tocantins. O secretário disse que é importante que a retirada ocorra em bloco, para que não hajam barreiras sanitárias.
Entretanto, como Mato Grosso do Sul é um estado fronteiriço, haverá barreiras com Paraguai e Bolívia. “Nós já temos o programa Lobo-Guará, que faz o monitoramento de fronteira e está funcionando muito bem”, destacou Verruck. A fiscalização na fronteira será permanente.
Depois desta etapa, segundo Verruck, Mato Grosso do Sul ficará dois anos sem ter de vacinar os rebanhos bovino e bubalino. Em 2023, o Estado ficará livre da doença sem vacinação.
“Ficaremos dois anos monitorando toda a questão de nós termos o vírus circulante, porque obviamente, como vacinamos, o vírus estará no gado protegendo, como qualquer outro tipo de vacina. Depois disso, entramos na fase de monitoramento das fronteiras e de sorológico do rebanho, então, ficaremos dois anos monitorados”.
Ainda segundo o secretário, o Brasil está se preparando para ter um estoque estratégico de vacinas, evitando futuros problemas.
Novos mercados
Para Verruck, o produtor ganha porque acaba com custo de duas vacinações anuais, com destaque para a questão do manejo do rebanho, já que a imunização é realizada individualmente.
“Tem uma redução de custo, mas eu sempre falo que o grande ganho para Mato Grosso do Sul será a entrada em novos mercados. A partir do momento da retirada da vacina, nós [o governo] vamos procurar esses mercados mais sofisticados para ampliar [a relação comercial]”, conclui o secretário.
O presidente da Associação de Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Guilherme Bumlai, frisa a economia que o produtor terá a partir de 2023. “Seremos livres e sem vacinação contra a febre aftosa”, disse, ressaltando que os custos do insumo variam entre R$ 36 milhões e R$ 40 milhões anuais, considerando o preço da dose da última etapa, de R$ 2.
“Será uma nova realidade. Declarando o Estado como área livre de aftosa sem vacinação, vamos conseguir atingir mercados internacionais altamente competitivos e que remuneram melhor pelo preço da carne. A cadeia produtiva da carne toda só tem a ganhar”, garante.
Segundo a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), na região do planalto, a vacinação é obrigatória para todo o rebanho entre os dias 1° e 30 de novembro. O registro da vacinação deverá ser realizado pelo produtor no sistema informatizado da Iagro, por meio do portal GAP, de 1º de novembro a 15 de dezembro.
Já no Pantanal, os optantes pela etapa de novembro devem vacinar todo o rebanho entre o dia 1° de novembro e o dia 15 de dezembro e registrar a vacinação de 1° de novembro a 31 de dezembro. Para ambas regiões, a aquisição da vacina está liberada nas revendas cadastradas desde o dia 27 de outubro, sem a necessidade de emissão de autorização de compra pela Iagro.
Plano
O PE-PNEFA tem como objetivo principal “criar e manter condições sustentáveis para garantir o status de país livre da febre aftosa e ampliar as zonas livres de febre aftosa sem vacinação”.
O plano está fundamentado na avaliação contínua de indicadores que são monitorados regularmente de forma conjunta pelas equipes gestoras do projeto, que reúnem os setores público e privado, em âmbito estadual e nacional.
A meta é que o Brasil se torne totalmente livre de febre aftosa sem vacinação até 2026.O pleito brasileiro para o reconhecimento internacional dos entes federados como zonas livres da doença sem vacinação não será encaminhado para a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) no próximo ano.
Para o reconhecimento como zonas livres de febre aftosa sem vacinação, a OIE exige a suspensão da vacinação contra a febre aftosa e a proibição de ingresso de animais vacinados nos estados e regiões propostas por, pelo menos, 12 meses.
Nesse momento de evolução sanitária da doença, não haverá restrição na movimentação de animais e de produtos entre os estados que terão a vacinação suspensa a partir de 2023 e os demais estados que ainda praticam a vacinação no País.
Atualmente, somente Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e de Mato Grosso têm a certificação internacional de zona livre de febre aftosa sem vacinação.