Belém (PA), capital provisória do Brasil durante a COP30, se torna o centro mundial das discussões sobre clima e sustentabilidade. É nesse cenário que a Embrapa Pantanal, com sede em Corumbá (MS), destaca o papel da ciência na construção de soluções agropecuárias de baixo carbono para o bioma Pantanal.
O Pantanal, maior planície alagável do planeta, é caracterizado pela alternância entre períodos de cheia e seca que moldam a biodiversidade e as práticas produtivas da região. Nesse ambiente, a Embrapa Pantanal desenvolve pesquisas que conciliam produção e conservação, com foco na sustentabilidade da pecuária típica do bioma.
Durante a COP30, na AgriZone, a Unidade apresentará a Fazenda Pantaneira Sustentável, ferramenta científica desenvolvida para avaliar a sustentabilidade das propriedades rurais em três dimensões: ambiental, econômica e social. A Unidade será destaque em dois momentos da programação técnica da AgriZone.
No dia 12 de novembro, a Fazenda Pantaneira Sustentável será apresentada pela Embrapa Pantanal, Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) — responsáveis pela aplicação da tecnologia no Estado e pela Coalizão Pontes Pantaneiras, que conduz sua implementação em Mato Grosso do Sul.
Com o tema “Pecuária Sustentável no Pantanal: Ciência, Inovação e Compromissos para um Futuro Responsável”, o evento apresentará resultados de pesquisas, experiências aplicadas e novas oportunidades de negócios sustentáveis que reforçam o papel da ciência e da inovação na transformação da pecuária pantaneira em um modelo de produção mais competitivo, responsável e alinhado às demandas do mercado e das políticas climáticas globais.
Durante a programação, as instituições parceiras também discutirão novas alianças voltadas ao fortalecimento do Programa Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS), ampliando sua abrangência, base de parcerias, investimentos e impacto positivo no Pantanal e na agropecuária brasileira. A iniciativa busca consolidar compromissos de cooperação e sustentabilidade entre os setores público, privado e da sociedade civil.
MS Carbono Neutro
No dia 13 de novembro, as três Unidades da Embrapa em Mato Grosso do Sul (Embrapa Pantanal, Embrapa Agropecuária Oeste e Embrapa Gado de Corte) participam, junto com o Governo do Estado, da programação técnica da AgriZone, no espaço Arena, durante a apresentação “Mato Grosso do Sul Carbono Neutro 2030: segurança alimentar, transição energética e inclusão social no centro da estratégia”.
Idealizada pela Embrapa Pantanal em cooperação com a Embrapa Agricultura Digital e a Embrapa Pecuária Sudeste, a ferramenta combina sensoriamento remoto, verificação em campo e inteligência artificial para diagnosticar o nível de sustentabilidade das propriedades rurais com base em indicadores ambientais, econômicos e sociais. A partir desse diagnóstico, conforme o caso, indica boas práticas agropecuárias que orientam os produtores a melhorar a sustentabilidade da propriedade em cada uma das três dimensões.
Na dimensão ambiental, são avaliados aspectos como a saúde da vegetação e o manejo das pastagens nativas e cultivadas. A dimensão econômica considera a eficiência produtiva e o uso racional dos recursos, enquanto a social é medida por meio de questionários que analisam a organização do trabalho e as condições da propriedade. Os são integrados por um sistema de inteligência artificial do tipo lógica fuzzy, que classifica os resultados e aponta caminhos para aprimorar o manejo.
“A Fazenda Pantaneira Sustentável" é resultado de um esforço coletivo para compreender a dinâmica do Pantanal e propor caminhos para uma pecuária mais equilibrada. A ferramenta traduz conhecimento científico em indicadores que ajudam a planejar a produção sem perder de vista a conservação ambiental e o bem-estar social”, afirma Carlos Padovani, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Pantanal.
O programa teve início em 2018, com um piloto em propriedades do Pantanal, e vem sendo aprimorado por meio de parcerias com entidades do setor produtivo e de capacitação técnica da região. A ferramenta segue em expansão, com novas aplicações e aperfeiçoamentos que fortalecem o diálogo entre ciência e campo e estimulam a adoção de práticas produtivas mais sustentáveis, com foco na agregação de valor aos produtos oriundos de fazendas pantaneiras sustentáveis.
Segundo Thiago Coppola, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pantanal, o Programa Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS) abre um novo horizonte de oportunidades para o setor produtivo. “O processo de creditação em andamento cria bases sólidas para atrair recursos não reembolsáveis voltados a práticas sustentáveis, além de gerar segurança técnica e ambiental para investimentos reembolsáveis, fortalecendo a confiança do mercado e impulsionando negócios de impacto no Pantanal”
Atualmente, a Solução Tecnológica Fazenda Pantaneira Sustentável integra uma ampla rede de parcerias institucionais, reunindo entidades de referência como a Embrapa, Ministério da Agricultura e Pecuária, Famato, Senar-MT, Imea, AgriHub, Governo do Estado de Mato Grosso, Unemat, Coalizão Pontes Pantaneiras, Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), The Pew Charitable Trusts, Smithsonian Institution e a University College London (UCL).
A participação da Embrapa Pantanal na COP30 reforça a contribuição da pesquisa pública para o desenvolvimento sustentável da agropecuária brasileira. Na AgriZone, a Unidade apresenta resultados de pesquisas que integram produção, conservação ambiental e bem-estar social. A Fazenda Pantaneira Sustentável reflete esse esforço coletivo ao transformar conhecimento científico em orientações práticas para uma pecuária de baixo carbono no bioma Pantanal.
