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Embrapa apresentará novo software para análise de couros e peles

30 setembro 2010 - 00h00Por Embrapa

 Um novo software de análise digital, para detecção e análise de defeitos de couros bovinos, será apresentado nesta quinta-feira (30), às 14h 30min, em Brasília, no auditório do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O software tem como objetivo definir padrões de análise de defeitos de couros animais e é resultado de pesquisa realizada em âmbito nacional por três centros de pesquisa da Embrapa - Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS), Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP), Embrapa Pecuária Sul (Bagé,RS) - e Universidade Católica Dom Bosco, de Campo Grande, com suporte financeiro da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep, do Ministério da Ciência e Tecnologia).

O ecólogo Manuel Jacinto, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste - que apresentará a novidade durante o Fórum - diz que a nova tecnologia poderá compor um equipamento de classificação que irá substituir a avaliação subjetiva hoje realizada pelo técnico do curtume. Além do equipamento, será necessário promover a rastreabilidade das informações, para que seja possível premiar os pecuaristas que entregarem animais com pele de boa qualidade.

Atualmente, o criador não recebe maior remuneração com a pele de qualidade. E na transação entre o frigorífico e o curtume, o pagamento é feito apenas por peça, sem qualquer adicional de qualidade.

O evento é promovido pelo Fórum de Competitividade da Cadeia Produtiva de Couros, Calçados e Artefatos, ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, com participação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Embrapa e Universidade Católica Dom Bosco.

Curtimento sem metais pesados

Manuel Jacinto está também desenvolvendo pesquisa em curtimento de peles, sem a utilização do cromo, metal mais utilizado nesse processo. Neste trabalho da Embrapa, os taninos naturais (como derivados da acássia) e os taninos sintéticos (produtos químicos de baixo impacto ambiental) substituem o cromo. Isto resulta num processo com menor impacto ambiental e num produto final, o couro curtido, de qualidade, com boa maciez, com bons índices de resistência à tração e de resistência ao rasgamento, que são alguns dos principais itens para avaliar a qualidade do produto.
Além desses cuidados no processamento industrial, um couro só apresentará boa qualidade se o pecuarista adotar as boas práticas agropecuárias, como prevenir a infestação de carrapatos e bernes nos bovinos, marcar os animais nas regiões adequadas, usar cercas lisas (sem arame farpado) e manter a estrutura dos currais sem pregos ou pontas salientes e cortantes. Também a raça tem influência na qualidade do couro.

O pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste pondera que os graves impactos ambientais causados pelo uso do cromo representam um problema em todo o mundo. E lembra que o produto ainda é usado por apresentar, até agora, custo inferior aos taninos naturais e sintéticos. “Mas ainda assim, muitas empresas utilizam tanino em pó derivado da acássia. Os metais pesados terão de ser substituídos, pois a pressão do consumidor europeu e de outras regiões resultará, a qualquer momento, em restrições por parte dos países importadores”, diz o pesquisador.

Reuso de água e dos produtos químicos

A pesquisa desenvolvida na Embrapa mostrou ainda a viabilidade de reduzir significativamente o uso de água e dos produtos para o curtimento, por meio do reuso, pois já há no mercado produtos e equipamentos para esse fim. A água é tratada e volta limpa para o processo de curtimento. O resíduo sólido - na forma de lodo, constituído principalmente por pêlos e proteínas - não volta ao processo e deverá ser objeto de pesquisa, para verificar sua possível utilização como adubo para a agricultura.