A caminho dos 800 mil habitantes e totalmente dependente da "importação" de hortifrútis cultivados em 16 estados brasileiros, Campo Grande deverá ampliá-la para 85% este ano, conforme estimativa da Central de Abastecimento S/A (Ceasa). Há mais de 30 anos, hortifrútis procedentes de outras regiões "invadem" a capital do 5º maior produtor de grãos do País, aonde pontificam grandes estabelecimentos atacadistas, supermercados, restaurantes e consumidores cada vez mais exigentes.
Sem recursos financeiros para instalar um distrito irrigado, mesmo tendo solo favorável e córregos para a captação d’água, a capital alimenta a futura autossuficiência, mirando o exemplo cearense de agropolos.
Em 2011 a Ceasa campo-grandense comercializou 148,3 mil t, numa média de 12,3 mil t por mês. Desse volume, apenas 21,8 mil t (15,29%) dos produtos procediam de Mato Grosso do Sul; São Paulo mandava para cá 44,2 mil t (29,48%) e os demais estados 82,26 mil t (55,33%).
A rede comercial brasileira movimenta cerca de 14 milhões de toneladas de hortifrútis, faturando US$ 10 bilhões anuais. É o setor da agricultura que mais cresce no mundo.
"Já temos a base e o nosso Agropolo de Orgânicos pode começar no dia seguinte à liberação do dinheiro", garante o secretário-adjunto de ciência, tecnologia, turismo e do agronegócio, Natal Baglioni Meira Barros.
Em tempos de cortes de investimentos pela presidente Dilma Roussef, o agropolo depende do urgente empenho de R$ 29 milhões solicitados pelo secretário Edil Albuquerque e pelo prefeito Nelson Trad Filho ao Ministério da Integração Nacional. Enquanto esses recursos não forem empenhados, a situação se agrava: entressafra e clima puxam para o alto o custo do abastecimento, a exemplo do que volta a ocorrer neste primeiro mês do ano.
Campo Grande e Produtivo
"Precisamos de força política e de competitividade", apela Natal Barros. Ele está convicto de que a consolidação do Projeto Campo Grande e Produtivo (nome dado pelo prefeito) diminuiria essa barreira dos 20% no abastecimento. Ao passo em que a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) se abastece de 400 dos 645 municípios paulistas, os 78 de Mato Grosso do Sul enchem os boxes da Ceasa campo-grandense.
"Esse quadro precisa mudar; aqui temos condições de produzir alface em 40 dias", insiste o secretário-adjunto. Para mudar essa situação, a prefeitura pretende adquirir áreas de 30 a 50 hectares de solo adequado, concentrando os produtores com capacidade de investimento em módulos a partir de um hectare. Depois de uma rígida seleção, deles se exigirá capacidade técnica e financeira.
A escolha de uma área ideal para o futuro distrito irrigado deve ser feita próxima a um curso d’água; em seguida constroi-se a barragem de captação e instala-se o sistema de bombeamento.
Segundo Barros, a adução será feita para as partes mais altas e depois para os lotes dentro do perímetro. "Um produtor com área escolhida terá água encanada na sua porta", ele garante.
Há mais de 30 anos, hortifrútis procedentes de outras regiões 'invadem' a capital - Crédito: BRUNO HENRIQUE


