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Pecuária

Reforma de pastagem: instrumento de sucesso para pecuária leiteira

29 abril 2012 - 02h15

  Durante a II Jornada do Produtor Rural, em Bataguassu/MS (abril/2012), evento sobre recuperação de pastagem para melhorar a produção de leite, produtores rurais que não fizeram a reforma de seus pastos disseram estar mais preocupados, neste ano, com a alimentação do rebanho no inverno (junho a agosto). Isso porque, além da estiagem habitual que ocorre nesse período, soma-se o baixo crescimento da pastagem durante o último verão, quando a intensidade de chuva ficou muito abaixo do necessário para as lavouras e pastagens.

De acordo com o analista de Transferência de Tecnologia (TT) da Embrapa Agropecuária Oeste, Euclides Maranho, para estes produtores, a orientação para o inverno de 2012 é buscar alternativas de fornecimento de alimentos mais baratos para os animais e procurar linhas de crédito de custeio à pecuária. Outra sugestão é adotar estratégias para manter em produção somente os animais mais produtivos, e assim não correr o risco de perder uma parte do rebanho durante a estiagem.

“O ideal é que o produtor busque soluções junto aos parceiros técnicos para não ter escassez de alimentos, adotando algumas das tecnologias para reforma de pastagem, produção de feno, banco de proteínas, entre outras. E isso já deve ser feito agora para não ter problemas nos próximos anos novamente”, diz Maranho.

Nos meses de outubro a abril, o pastejo nos piquetes onde ocorreram a reforma de pasto oferece alimento suficiente, desde que haja bom manejo do rebanho. “A partir de abril, a braquiária naturalmente para de produzir massa verde, mas o produtor que adota as tecnologias terá como fornecer alimento para o rebanho sem problemas”, reforça o analista de TT.

Clóvis Lourenço Moura, do Assentamento Montana (Bataguassu/MS), é um exemplo de produtor rural que não terá problema com produção de leite este ano, porque reformou o pasto e formou capineiras em 2011 e 2012. “Tenho pasto suficiente para alimentar o gado durante o período de estiagem”, afirmou.

O produtor foi capacitado pela equipe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agropecuária Oeste em 2010 e 2011, adotou tecnologias de recuperação de pastagens e este ano, por conta própria, aumentou a área de reforma. Em seu lote foi montada uma Unidade de Referência (UR), local onde acontece a Jornada do Produtor Rural, evento realizado pela Embrapa Agropecuária Oeste, Agraer, Prefeitura Municipal e Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bataguassu. Os parceiros juntamente com o produtor realizaram a correção do solo; a troca da espécie forrageira que estava em estado de degradação (no caso do seu Clovis, a troca foi da brachiaria decumbens pela piatã); aumentaram a área de plantio de cana-de-açúcar; e adotaram o pastejo rotacionado, dividindo a área em 15 piquetes. “Com os piquetes, o produtor pode monitorar a pastagem e o consumo de pasto pelos animais, além de conservar o solo”, explica Maranho.

Além do alimento para os animais, o produtor também foi orientado a cultivar mandioca, banana e feijão-caupi para consumo próprio. Neste ano, ele conta que colheu 30 kg de feijão-caupi, que é rico em proteínas, ferro e zinco. “Vou guardar, porque a gente não sabe como vai ser o inverno neste ano”.

Foram tecnologias simples e fáceis de serem implantadas pelo produtor e o objetivo da UR é que outros produtores se interessem pelas tecnologias e o próprio Clóvis possa disseminar as tecnologias durante todo o ano juntamente com a assistência técnica e extensão rural. “Sempre aparece um produtor querendo saber alguma coisa. Muitos querem conhecer a crotalária, porque ela é um adubo verde e ainda combate nematoide”, disse Clóvis, que está multiplicando as sementes deste adubo para formar estoque.

Além da crotalaria juncea e crotalaria spectabilis, foram utilizados feijão guandu e feijão-de-porco como adubação verde, substituindo os adubos químicos. “O feijão guandu é uma espécie forrageira que também é alternativa de suplementação alimentar para o gado. Seu Clovis preferiu incorporar a forrageira ao solo como adubo verde”, explica Carmen Pezarico, analista de TT da Embrapa Agropecuária Oeste.

Na I Jornada do Produtor Rural, em 2011, o então secretário de Desenvolvimento Sustentável da Prefeitura, Celso Magalhães de Oliveira, afirmou que este projeto demonstra que é possível produzir alimentos para o rebanho no período de estiagem. “Esse é um dos grandes problemas dos produtores rurais. Com o uso das tecnologias, tem pastagem para o gado e geração de renda sustentável para a população”, afirmou.

O chefe de TT da Embrapa Agropecuária Oeste, Claudio Lazzarotto, lembra que, além da geração de renda, a finalidade da Unidade de Referência e da Jornada do Produtor é mostrar que é possível melhorar a qualidade nutricional do pasto, oferecer alimentação alternativa para o rebanho de maio a setembro e proporcionar segurança alimentar.

Embrapa Agropecuária Oeste – A Embrapa Agropecuária Oeste é uma Unidade de Pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

A Embrapa foi criada em 26 de abril de 1973 e possui como missão viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da agricultura, em benefício da sociedade brasileira.