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Técnicos avaliam safra brasileira de trigo

24 outubro 2011 - 11h14
Técnicos avaliam safra brasileira de trigo

A colheita do trigo começou agora no Rio Grande do Sul, último estado a colher no país. O levantamento da CONAB indica que a produção nacional está prevista em 5.129,9 mil toneladas, 12,8% menor do que foi colhido na safra anterior, um número que ainda pode variar conforme as condições climáticas até o final da colheita que encerra em novembro.

Em Minas Gerais, a colheita está concluída, com 102 mil toneladas de trigo, sendo 70% produzidos em sistema irrigado (Seapa/MG). Na avaliação do produtor Eduardo Abrahin, vice-presidente da Associação dos Triticultores do Estado de Minas Gerais (Atriemg), a média de rendimento das lavouras foi de 90 sacos por hectare (cerca de 5,4 mil kg/ha), um volume 10% menor do que a safra anterior, mas com qualidade 50% superior. “A força de glúten chega a 300, um trigo melhorador que está com toda a safra praticamente vendida entre R$ 540,00 e R$ 600,00 a tonelada”, afirma o produtor. Os produtores mineiros, acostumados apenas com o custo da irrigação, neste ano precisaram fazer até três aplicações de fungicida para controlar a mancha amarela. Ainda assim, a avaliação da Atriemg é que a remuneração com o trigo chegue a 70%.

No Distrito Federal e em Goiás o trigo ocupou, aproximadamente, 15 mil hectares, em áreas irrigadas com pivô central, uma redução de 20% na área plantada em relação à  2010. A colheita, realizada nos meses de agosto e setembro, resultou em boas produtividades, quando as melhores lavouras alcançaram em torno de 115 sc/ha com a cultivar BRS 264, em média os rendimentos de grãos ficaram em 90 sc/ha. Ainda assim, segundo o pesquisador da Embrapa Cerrados, Julio Cesar Albrecht, as produtividades foram 10% inferiores à safra anterior, principalmente em função das temperaturas que foram mais altas durante todo o ciclo da cultura. O ataque de pragas e doenças não foi significativo, assim muitos produtores conseguiram chegar até o final do ciclo com apenas duas aplicações de fungicidas e duas de inseticida, o que baixou os custos das lavouras. A qualidade industrial também está melhor, com força de glúten de 310. “A maioria das lavouras foram colhidas no período seco, sem a ocorrência de chuvas, o que favoreceu a qualidade dos grãos e, conseqüentemente, favoreceu a comercialização. Os produtores estão vendendo a sua produção entre R$ 37,00 e R$ 42,00 por saco de 60 kg”, explica Albrecht.

No Mato Grosso, mesmo com um potencial para 40 mil ha na triticultura, em 2011 foram apenas 240 hectares de trigo irrigado, localizados em Lucas do Rio Verde. Segundo a Empaer, o rendimento foi de 60 sc/ha, com força de glúten de 315.

De acordo com a CONAB, as geadas ocorridas no final do mês de junho prejudicaram as lavouras do Paraná, Mato Grosso do Sul e de São Paulo, por estarem em fase de floração e enchimento de grãos, com queda na produtividade.

Além da geada, as lavouras ao norte e oeste do Paraná, sofreram também com a chuva na colheita, comprometendo principalmente a qualidade. De acordo com a OCEPAR, 70% do trigo no estado foi colhido nestas condições, com rendimento médio de 40 sc/ha, uma produtividade 13% abaixo do esperado. Apesar disso, a expectativa do gerente técnico da OCEPAR, Flávio Turra, é atingir uma safra com 90% de trigo pão. “Estamos avaliando amostras da safra paranaense no laboratório da Embrapa Trigo para dimensionar os efeitos da germinação na espiga, mas é provável que resulte em queda no falling number, um dos indicadores para uso do trigo na panificação”, afirma o pesquisador da Embrapa Soja, Manoel Carlos Bassoi. A colheita no Paraná deverá estar concluída até a metade de novembro, com 2,3 milhões de toneladas.

No Mato Grosso do Sul foram quatro geadas durante a floração. A implantação dos 20 mil hectares já tinha sido afetada pela estiagem logo após a semeadura. Em Dourados, foram 20 dias sem chuva, comprometendo em 20% a produtividades dos experimentos instalados na sede da Embrapa Agropecuária Oeste. Segundo o pesquisador Márcio Akira Ito, apesar das intempéries do clima, o rendimento das lavouras ficou dentro do previsto, com a média de 35 sc/ha. A colheita que encerrou em setembro foi comercializada a R$ 24,00 sc, valor mais baixo que o milho (R$ 28,00 sc), principal concorrente do trigo no MS.

No Rio Grande do Sul, a incidência de manchas foliares e viroses durante o desenvolvimento das plantas não deverá comprometer o resultado final das lavouras. A Emater/RS acredita que o rendimento será superior a estimativa inicial de 40 sc/ha. Na área da cooperativa Cotrijal, o cultivo do trigo foi reduzido em 10% em relação ao ano anterior, mas a previsão de clima favorável na colheita deverá resultar em 50 sc/ha, com qualidade de trigo pão. Na produção de sementes em Santo Augusto, RS, a ASP Sementes espera colher 70 sc/ha até o final deste mês. “Diante da perspectiva de uma boa safra gaúcha, o setor produtivo começa agora a discutir como garantir a liquidez deste trigo que pode ultrapassar os 2 milhões de toneladas, com uma excelente qualidade”, argumenta o Chefe-Geral da Embrapa Trigo, Sergio Dotto.   

Em Santa Catarina a semeadura atrasou em função do clima instável nos meses de junho e julho. De acordo com a Epagri, o estado registrou a redução de 11% no cultivo do trigo, a menor área semeada desde a safra 2003/04. Na área da cooperativa Coopercampos, a área reduziu de 9 para 7 mil ha neste ano. Segundo o agrônomo do departamento técnico da cooperativa, Fabrício Henniger, apesar dos problemas com manchas, não foram registrados casos de giberela ou brusone, com previsão de uma boa safra. A colheita dos 78 mil hectares no estado deverá iniciar apenas na segunda quinzena de novembro. A expectativa de rendimento é de 45 sc/ha, o que pode resultar em 211 mil toneladas de trigo.