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Suíça amplia veto à carne brasileira de 4 para os 21 frigoríficos investigados

27 março 2017 - 00h00Por Folha de S. Paulo

A Suíça ampliou a proibição de importação de carne de quatro para os 21 frigoríficos que tiveram a licença de exportação suspensa pelo governo brasileiro. Esses estabelecimentos são investigados pela Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, por supostas propinas pagas para venda de produtos sem inspeção.

A Suíça havia proibido na terça-feira (21) as importações de quatro fábricas brasileiras. Segundo disseram autoridades suíças neste domingo (26), a decisão de ampliar o número de unidades vetadas faz parte das medidas de segurança para toda a Europa.

Os peritos veterinários da União Europeia recomendaram o reforço dos controles sobre as importações de carne do Brasil na sexta-feira (24), com a deflagração da Operação Carne Fraca.

Chefes dos serviços veterinários dos 28 Estados-membros da União Europeia reuniram-se em Bruxelas para discutir uma resposta da UE ao escândalo e ao risco de carne imprópria para o consumo entrarem no bloco.

"A extensão da proibição é uma resposta às medidas europeias, visando impedir que a carne chegue ao território da União Europeia via Suíça", disse uma porta-voz do escritório suíço de segurança alimentar e veterinária.

O comissário europeu Vytenis Andriukaitis, responsável pela saúde e segurança alimentar, estará no Brasil na segunda-feira (27) para discutir o assunto com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi.

China, Egito e Chile concordaram neste sábado (25) com a reabertura de seus mercados para a importação de carne brasileira.

A retomada das importações para esses países três foi comemorada pelo governo brasileiro, que se mobilizou nos últimos dias para tentar diminuir o dano às exportações com a Operação Carne Fraca.

China reabre com restrições

A China reabriu o mercado para as importações de carne brasileira mas isso acontecerá com algumas restrições. Serão bloqueados os produtos fabricados na SIF350, planta da JBS localizada na Lapa, no Paraná. Também ficaram retidos os produtos que tiverem os certificados assinados por pessoas investigadas.

Também neste sábado, o ministro da Agricultura do Egito anunciou a retomada da importação de carne brasileira, mas ressaltou que os carregamentos de navios estarão sujeitos a inspeção tanto na saída quanto na chegada do país. Outro país a liberar a entrada dos alimentos foi o Chile, que manteve a restrição apenas aos 21 frigoríficos investigados pela PF.

"A liberação é um esforço gigante que foi feito aqui no Brasil com as explicações, de mostrar que as investigações estavam numa direção de investigar conduta de pessoas, comportamento de pessoas, desvio de conduta das pessoas", disse Maggi à agência Reuters.

Segundo o ministro Blairo Maggi, apenas as 21 unidades que o próprio Brasil suspendeu não poderão vender à China -- que foi no ano passado o maior mercado de exportação para a carne brasileira, com compras que somaram US$ 1,75 bilhão. Além disso, a China também bloqueará e recolherá os produtos cujos certificados foram assinados por técnicos investigados na Operação Carne Fraca, da Polícia Federal.

Para Maggi, a liberação da China "era uma batalha importante" devido à influência sobre outro mercado. "Acho que Hong Kong, como é um entreposto, tem muito mercado com a China. Se a China nos liberou, não tem porque eles nos manterem suspensos. Foi importante por todo o trabalho que foi feito essa semana."

Agora, o próximo objetivo do governo é ir "atrás dos mercados que ainda não retomaram (a importação da carne brasileira)".

Em nota asinada por Maggi, o ministério informou que a reabertura ao mercado brasileiro é um atestado categórico da solidez e qualidade do sistema sanitário brasileiro e da vitória da capacidade exportadora do País.

"A China nunca fechou o mercado aos nossos produtos, mas apenas tomou medidas preventivas para que tivéssemos a oportunidade de oferecer todas as explicações necessárias e garantir a qualidade da nossa inspeção sanitária", disse o ministro.

"Nós continuaremos mandando produtos, vendendo sem restrição, com a suspensão das plantas que nós mesmos decidimos aqui até que nós mostremos os nossos controles finais desse assunto com a força tarefa que estamos tendo nesse momento", afirmou o ministro.

Confiança mútua

Em nota, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, diz que a pasta, o Itamaraty e as embaixadas brasileiras no exterior trabalharam nos últimos dias para regularização das exportações do produto.

"A regularização do ingresso da carne brasileira na China mostra o espírito de confiança mútua entre os dois países e a disposição para dialogar com boa fé. A China nunca fechou o mercado aos nossos produtos, mas apenas tomou medidas preventivas para que tivéssemos a oportunidade de oferecer todas as explicações necessárias e garantir a qualidade da nossa inspeção sanitária. Agradecemos o gesto de confiança da China, nosso parceiro estratégico, na credibilidade do sistema brasileiro."

O Brasil nunca exportou tanto para a China. Foram cerca e US$ 2 bilhões somente no ano passado. Hoje, o Brasil tem 65 plantas habilitadas para vender para a China, das quais 57 estão autorizadas a fazê-lo neste momento.

A verdade é que, na prática, nem quem está autorizado está podendo exportar. Desde a sexta-feira passada, a ordem é reter todas as carnes vindas do Brasil nos portos. Aproximadamente 58 mil toneladas de carnes terão sido impedidas de entrar no país até a liberação na segunda, ou o equivalente a 21dias das exportações brasileiras para o mercado chinês entre carnes de frangos, suínos e bovinos.

Na sexta (24), o ministério divulgara lista de países que impuseram restrições à carne exportada pelo Brasil. A relação traz 13 países, incluindo a China, que suspenderam de forma temporária ou preventiva as importações do Brasil: Hong Kong, China, Chile, Argélia, Jamaica, Trinidad e Tobago, Panamá, Qatar, México, Bahamas, São Vicente e Granadinas, Granada e São Cristóvão e Névis. Outros nove países adotaram algum tipo de restrição ao produto brasileiro.

Para Temer há confiabilidade do sistema. O presidente Michel Temer distribuiu nota oficial neste sábado, 25, para comentar a reabertura da China à carne brasileira. "A decisão do governo da China de reabrir o seu mercado à proteína animal produzida no Brasil é o reconhecimento da confiabilidade de nosso sistema de defesa agropecuária", disse o presidente, para quem, "o País construiu grande reputação internacional neste segmento".

Temer ainda avaliou que o posicionamento chinês confirma todo trabalho de esclarecimento "levado a termo" pelo governo brasileiro nestes últimos dias, após a deflagração da Operação Carne Fraca da Polícia Federal, que revelou esquema crimonoso de pagamento de propina e liberação irregular de licenças envolvendo fiscais do Ministério da Agricultura e frigoríficos.

"Agradecemos o gesto do governo do presidente Xi Jinping. Temos uma parceria que gerou muitos frutos e, com certeza, muitos ganhos ainda teremos com a sólida relação bilateral entre nossas nações", afirmou Temer na nota. "Estamos plenamente confiantes que outros países seguirão o exemplo da China", acrescentou.