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Seguro de renda pode cobrir receita estimada pelo produtor rural

18 fevereiro 2011 - 00h00Por Canal Rural

O produtor rural não tem saída, convive sempre com um preço de mercado que pode subir ou descer de acordo com diversos fatores. O mecanismo de defesa usado desde a década de setenta é o já conhecido "contrato de opção", onde ele compra uma opção de venda, adquire o direito de vender a mercadoria no futuro por um valor chamado "preço de exercício". 
 
– O produtor está plantado agora a safrinha de milho, ele sabe qual foi o preço de mercado ontem, qual é o preço de mercado hoje, mas ele não sabe quanto vai ser o preço lá em julho, agosto quando ele tiver o produto colhido no armazém. Então o contrato de opção tem o objetivo de assegurar a garantia do preço – diz o diretor de commodities agrícolas da BMF&Bovespa, Ivan Wedekin.
 
Mas o contrato de opção está deixando de ser a principal alternativa do produtor para não ficar tão vulnerável às variações de mercado. Uma nova modalidade de seguro lançada recentemente por uma seguradora de São Paulo cobre também parte da receita estimada pelo agricultor. É o tão esperado seguro de renda.
 
O vice-presidente da seguradora explica que a cobertura de riscos climáticos como granizo, seca e geada já são tradicionais, a diferença agora é o seguro relacionado ao risco do preço. 
 
– A gente define a produtividade média, às vezes pode ser do IBGE ou do produtor e é fixado um preço da saca ao futuro, imaginemos março de 2012. No final da safra a gente determina qual foi a produção da lavoura segurada e qual o preço final da saca, de refererência, aí determina se tem direito ou não a indenização. A gente "segura" um percentual do ingresso esperado do produtor. Se esta receita que o produtor teve no final é menor do que a cobertura que a gente ofereceu, a gente indeniza a diferença – comenta.

– A principal vantagem é que um dos riscos a que fica exposto, o preço acaba transferindo para o mercado segurado, ele já não fica preocupado se vai colher e conseguir vender a soja a preço razoável, mas tem uma cobertura que combine as duas, pode planejar a campanha e os investimentos porque sabe que no final da safra ele vai conseguir pagar o financiamento que teve do banco.
 
Por enquanto, a título de experiência, a seguradora está trabalhando com dez apólices, todas no Paraná e para a cultura da soja. Um dos produtores que aderiu ao novo serviço mora em Mambore, interior do Estado. Ele usou o seguro em 200 hectares, produtividade média de 52 sacas por hectare a um preço de 43 reais a saca. Uma receita esperada de 2.236 reais por hectare. Deste valor, R$ 1.565 estão segurados, o equivalente a 75%.
 
– Eu já fazia seguro antes, mas o problema é que a produtividade avaliada era a média do município. Agora esta nova modalidade avalia especificamente a produtividade dele – afirma o agricultor Wilson Menim.
 
Até o ano que vem, a seguradora espera aumentar para trezentos o número de clientes e num segundo momento ampliar o seguro para outras culturas. O advogado Antônio Penteado Mendonça, especialista em seguro rural, afirma que o novo produto pode dar certo, mas é preciso ir com calma e ter cuidado. Cautela principalmente para o pequeno produtor.
 
– O pequeno produtor que não é cooperativado não deve aderir porque é sofisticado, você é um produto para grandes produtores rurais com estruturas administrativas e para cooperativas – diz.

– A médio prazo, para cooperativas, tem tudo para dar certo. Porque o pequeno cooperado através da cooperativa vai ter garantido uma receita que ele acha razoável e que vai permitir que ele faça o planejamento do negócio para o ano seguinte. Ele vai saber quanto gastou e quanto tem no mínimo de receita garantido. Permite ao produtor um desenho mais exato dos custos e das receitas de qual será a margem que ele terá. Tem que ser trabalhado com muita cautela e o pequeno produtor só acessar através de uma cooperativa – finaliza.