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Sanções contra o Irã podem favorecer brasileiros

11 junho 2010 - 00h00Por Estadão.

As sanções contra o Irã aprovadas nesta quarta-feira (9) pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) não devem afetar o comércio brasileiro com o país, hoje dominado principalmente por produtos agrícolas, minério de ferro e alguns produtos manufaturados como chassis para automóveis e motores.

A venda desses produtos ao Irã deve continuar sem restrições. As sanções endurecem um embargo à compra pelo país de equipamentos militares como helicópteros e mísseis, além de prever interdições marítimas para a inspeção de navios com cargas suspeitas para o Irã.

A resolução aprovada pela ONU dificulta ainda as transações financeiras com bancos iranianos e aumenta o número de indivíduos e de companhias iranianas que são alvos de congelamento de bens e de proibição de viajar ao exterior.

No ano passado, as exportações brasileiras ao Irã somaram US$ 1,2 bilhão, enquanto as importações de produtos iranianos pelo Brasil atingiram pouco menos de US$ 19 milhões. As exportações totais brasileiras em 2009 somaram US$ 153 bilhões, e as importações chegaram a US$ 128 bilhões.

Cerca de 70% das exportações brasileiras ao Irã são compostas de produtos ligados ao Agronegócio. O principal produto exportado pelo Brasil ao país são as carnes bovinas (US$ 335 milhões vendidos no ano passado), seguido de milho em grão (US$ 283 milhões), soja, incluindo grãos e óleo (US$ 228 milhões) e açúcar (US$ 161 milhões).

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, previu ontem que as novas sanções contra o Irã devem beneficiar as exportações brasileiras para o país persa. "Vários países devem retrair (as vendas) com a sanção aplicada pela ONU. Isso abre uma porta de oportunidades para o Brasil", avaliou Jorge ao participar do programa Bom Dia Ministro, da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).

Uma fonte da diplomacia brasileira, que não preferiu não se identificar, concorda que mesmo com as sanções, o comércio brasileiro com o Irã poderá até mesmo aumentar. Isso poderia ocorrer por dois fatores. O primeiro seria a oportunidade criada para empresas exportadoras brasileiras caso países aliados dos Estados Unidos reduzam suas vendas ao país.

O segundo fator, que não tem relação com as sanções, seria uma aproximação maior entre as empresas dos dois países após os encontros empresariais que acompanharam as visitas do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, a Brasília, em novembro, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Teerã, em maio.

Para o diplomata brasileiro, o único fator negativo imediato para o comércio decorrente das sanções aprovadas na quarta-feira seria uma dificuldade maior para realização de transações bancárias entre os dois países, gerando custos maiores para o comércio. Ainda assim, ele acredita que isso não deve ter impacto significativo sobre o volume de comércio entre os países.

As empresas brasileiras que vendem ao Irã poderão ser mais afetadas, porém, caso os Estados Unidos endureçam ainda mais suas próprias sanções unilaterais contra o país.

Ao contrário das sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança, às quais o Brasil, como membro da ONU, é obrigado a cumprir e adotar como regra, apesar de ter votado contra, as sanções unilaterais adotadas pelos Estados Unidos não são reconhecidas pelo governo brasileiro. Mas as sanções americanas, como no caso do embargo a Cuba, por exemplo, poderão estabelecer represálias a empresas internacionais envolvidas em determinadas transações com o país.

O Congresso americano deve finalizar as discussões sobre as sanções unilaterais até o final do mês. As medidas em discussão teriam como alvo as empresas que fornecem petróleo refinado ao Irã, seguradoras envolvidas no envio do petróleo e empresas financeiras que operam no país. Em princípio, essas medidas também não teriam impacto significativo sobre os interesses econômicos imediatos do Brasil no Irã, mas poderiam eventualmente inibir empresas como a Petrobras de investir no país.