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Para Bunge, fertilizante virou negócio para gigantes

28 janeiro 2010 - 00h00Por Reuters

O avanço de grandes mineradoras globais como a BHP Billiton e a brasileira Vale no setor de fertilizantes nos últimos anos deixou a Bunge Ltd, grande processadora de produtos agrícolas, ansiosa.

Executivos da empresa, que tem sede na cidade de White Plains, Estado de Nova York (EUA), chegaram à conclusão, então, que era o momento para mudanças em suas operações na área.

"Claro que gostamos muito de nossas operações em mineração, fizemos isso por mais de 70 anos, mas nos dois últimos anos mineradoras que fizeram muito dinheiro com ferro decidiram se expandir para o setor de fertilizantes", afirmou o presidente-executivo da Bunge, o brasileiro Alberto Weisser.

"Começamos a ficar preocupados. O jogo estava mudando e ele vai se tornar totalmente global, com companhias com fluxos de caixa diferentes do nosso", disse Weisser à Reuters poucas horas depois do anúncio da venda dos ativos de mineração e produção de fertilizantes da empresa no Brasil para a Vale por 3,8 bilhões de dólares.

Então, quando a Vale fez uma oferta "muito atrativa", a decisão de vender não foi tão difícil, contou Weisser, acrescentando que o dinheiro advindo do negócio será aplicado nos setores de atividade central da empresa, como agroindústria, ingredientes alimentícios e também açúcar e álcool, área em que a empresa tem investido com força no Brasil.

O país ainda é muito importante para a empresa devido ao potencial agrícola. A Bunge é o maior operador em oleaginosas no Brasil e agora pretende usar sua base local para se tornar um líder global em açúcar.

Mas a forte apreciação do real contra o dólar, de 34 por cento em 2009, elevou custos de produção e motivou mudanças.

A empresa nomeou no início desse ano o ex-ministro Pedro Parente como novo presidente-executivo da operação brasileira e contratou outros executivos no mercado para posições chave.

"Vamos deixar isso claro. O Brasil não é mais um país barato para operar. Temos que ser cuidadosos e manter as operações com custos baixos", disse o presidente da companhia, explicando a criação do cargo de Parente (anteriormente as unidades da Bunge no Brasil operavam praticamente de forma independente).

"Nós precisávamos de mais sinergias e eu não estava conseguindo fazer isso daqui (de White Plains)".

A elevação dos custos de produção também levou a empresa a reorganizar sua estrutura de armazenagem em áreas importantes como o Estado do Mato Grosso.

A companhia manteve a capacidade de estocagem inalterada em 5 milhões de toneladas, mas reduziu o número de silos que opera, já que elevou a velocidade de movimentação.

Weisser negou que o resultado fraco nas vendas de fertilizantes em 2009 no Brasil tenha sido a razão principal para a venda dos ativos para a Vale.

As vendas de adubos no ano passado recuaram para níveis vistos em 2004, apesar do aumento na produção agrícola, com agricultores reduzindo o uso do insumo para cortar despesas em meio ao aperto no crédito.

A Bunge adquiriu matérias-primas para seus fertilizantes a preços elevados em 2008, e quando os negócios no varejo caíram em 2009 ela acumulou perdas.

Weisser afirmou, no entanto, que os níveis de lucro na atividade deverão subir novamente em 2010.