A oposição mudou de estratégia e deve esperar até o final da semana para protocolar o pedido de instalação de uma nova CPI mista (com deputados e senadores) para investigar o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e a destinação de repasses do governo federal ao movimento. Inicialmente, o plano era criar a CPI hoje.
Segundo o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que coordenava o recolhimento de assinaturas, a oposição está preocupada com a pressão do governo para a retirada de apoio.
"A CPI vai acontecer. Por isso estamos com todos os cuidados para enfrentar a máquina que o governo tem. O governo é poderoso, principalmente quando estamos diante de um governo que nunca teve limite pra enfrentar situações onde ele tenha margem de manobra entre os parlamentares", disse.
Para que a CPI seja instalada, a oposição precisa protocolar o pedido de sua criação na Mesa Diretora do Congresso com as assinaturas de, pelo menos, 171 deputados e 33 senadores favoráveis à comissão.
Lorenzoni não quis adiantar quantas assinaturas apóiam o pedido de investigação. Na semana passada, DEM e PSDB afirmaram ter reunido 172 assinaturas na Câmara e outras 33 no Senado, mas continuariam a coleta de assinaturas. Depois de apresentado, o pedido precisa ser lido em sessão do Congresso, presidida pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
"Nós já temos número suficiente de assinaturas tanto na Câmara como no Senado Agora trata-se de buscarmos aqui na Câmara uma margem suficiente de segurança que nos permita, ao protocolar a CPI, ter a certeza de que não vão haver retiradas e que a investigação irá acontecer", afirmou o deputado.
Lorenzoni disse que a CPI se tornou ainda mais necessária depois que o movimento invadiu uma fazenda produtiva em São Paulo, na semana passada, e destruiu parte do laranjal da propriedade.
"A sociedade toda deseja essa investigação, tanto dos recursos transferidos da União para essas entidades laranjas, como dos recursos internacionais que vem hoje fomentar a crise no campo brasileiro. Nos interessa também uma visão de avaliação desses 77 milhões de hectares que nós últimos 20 anos foram utilizados para assentamentos no Brasil. Mais de 1 milhão de famílias assentadas e a maioria ainda dependente de recursos público, de cesta básica, de dinheiro dos impostos. Esse sistema precisa ser revisto", afirmou.
O deputado rebateu a afirmação do ministro Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) de que dos R$ 115 milhões repassados pelo ministério e para o Incra, 56% foram destinados à Emater de diversos Estados --sem nenhum vínculo ao MST.
"Na verdade, o governo falseia com a realidade. Inclusive instituições que já foram condenadas, condenadas inclusive transitado em julgado pela justiça federal, saem de um ministério e vão pra outro ou saem dos ministérios e vão pras estatais. O que a CPI mista vai fazer é rastrear isso. A informação que a CPI vai apurar é a verdadeira, sem a maquiagem que o governo recorre de jogar de um ministério para outro", disse.