A ETH Bioenergia, braço sucroenergético da Odebrecht, e a Brenco, com participação de fundos de investimento, estão se unindo. Dessa união poderá sair a principal produtora nacional de álcool e geradora de energia de biomassa.
As duas empresas anunciaram ontem a assinatura de um memorando de entendimento para avaliar a combinação de ativos e operações, sem apresentar detalhes da operação.
Se a união for concretizada, o grupo moerá 37 milhões de toneladas de cana por safra. A partir de 2013/14, produzirá 3 bilhões de litros de álcool.
José Carlos Grubisich, presidente da ETH, disse que os entendimentos ocorrem em regime de exclusividade, o que significa que a Brenco suspenderá negociações de parcerias com outras empresas.
Tanto os projetos da ETH como os da Brenco nasceram há dois anos, período em que a expectativa de demanda interna e mundial por álcool era muito intensa. A demanda nacional continua aquecida, devido aos carros flex, mas a queda nos preços do petróleo fez a procura externa diminuir.
Apesar dessa retraída momentânea pelo combustível renovável -as exportações deste ano são bem inferiores às de 2008-, Grubisich diz que o momento ainda é bom.
De fato, as duas empresas têm unidades entrando em operação neste final de ano, quando os preços do álcool começam a reagir no mercado interno. O reajuste de preços foi de 13% nos postos de São Paulo nos últimos 30 dias, conforme pesquisa da Folha.
Parceiros
A crise financeira internacional reduziu a oferta de crédito e a Brenco estava à procura de parceiros nos últimos meses.
O atraso na entrada em operação das usinas exigiu um volume maior de capital dos acionistas na empresa, sem ainda a contrapartida das receitas.
Os sócios atuais, que continuarão na nova empresa, segundo Philippe Reichstul, presidente da Brenco, fizeram um aporte de R$ 500 milhões neste ano na companhia.
A Brenco buscou desenvolver várias frentes de investimentos -produção, infraestrutura (alcoolduto) e comercialização. Os projetos serão reavaliados nessa nova parceria.
As duas empresas vão somar nove projetos industriais: cinco deles da ETH e quatro da Brenco. Sete deles são os chamados "greenfield" (projetos começados do zero), com capacidade de moagem que vai de 3 milhões a 4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar cada um. Os projetos estão localizados em São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.
A Brenco e a ETH entraram no setor sucroenergético com previsões de investimentos de R$ 5 bilhões cada uma. A perda de poder de investimento da Brenco poderá ser compensada pela ETH, mas capitalizada.
A criação de musculatura do grupo poderá antecipar o lançamento de ações no mercado, um objetivo da ETH desde a entrada no setor. O momento esperado para a abertura seria 2012, mas "a geração robusta de caixa e as condições positivas de mercado" podem permitir essa antecipação", diz Grubisich.