Incremento de 50% na safra de trigo do Rio Grande do Sul, 70% da safra de trigo em Santa Catarina e possibilidades como plantio de milho em terras baixas, são resultados do movimento de incentivo à produção de cereais de inverno, apresentado como case de sucesso, no dia 11/08, durante o Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (SIAVS) 2022, em São Paulo (SP). A mesa redonda reuniu líderes das entidades promotoras: Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Embrapa, Federação da Agricultura do RS (Farsul) e Federação de Cooperativas Agropecuárias (FecoAgro/RS), além de um representante da indústria.
Um dos líderes do movimento, o ex-ministro Francisco Turra, presidente do Conselho Consultivo da ABPA, mediou o debate que teve ainda as presenças do Chefe-Geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, do economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, do diretor-executivo da FecoAgro/RS, Sérgio Feltraco, e do diretor-executivo de suprimentos da Seara, Arene Trevisan. Entre os desafios destacados pelas lideranças estão retomar a produtividade agrícola, especialmente em relação a capacidade de abate de aves e suínos de RS e SC em relação ao Paraná, por exemplo, que conta com duas safras consolidadas para abastecimento interno e externo. “Alguns estados têm até três safras. Isso representa um déficit competitivo para nós. O aumento da produção no inverno vai aumentar a rentabilidade do produtor e a balança comercial do RS,” explicou o economista da Farsul.
O Chefe-Geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, apresentou estudos de aumento de produtividade recente do trigo e equivalência nutricional do grão não-destinado aos moinhos para panificação, mais resistente, para alimentação de aves e suínos, similar ao do milho, que compõe a maior parte da ração animal. Este último estudo foi validado pela parceria com a Embrapa Suínos e Aves. Feltraco, da FecoAgro RS, trouxe dados sobre o cooperativismo gaúcho e o incremento de produtividade durante a safra de inverno, especialmente após as quebras do milho. Trevisan, da Seara, trouxe a alta demanda da indústria frente a necessidade de redução de custos de logística.
Turra lembrou a oportunidade única que a vocação agrícola do Brasil e dos estados do Sul do país tem diante da missão de alimentar 9,7 bilhões de pessoas no mundo até 2050. “Temos uma demanda global da qual não podemos declinar. Precisamos construir alternativas para abastecer o país e o planeta, de maneira regenerativa e sustentável. E somente com a união de todos os setores da cadeia produtiva conseguiremos isso” declarou. Ao final, o ex-ministro deu placas de homenagem aos integrantes do movimento.