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Maia prevê desabastecimento de carne após decisão da Abras

10 dezembro 2009 - 00h00Por Jefferson da Luz - Via Livre Comunicação

A decisão da Abras (Associação Brasileira de Supermercados) de lançar o programa de certificação socioambiental da carne deve causar desabastecimento no mercado, é o que prevê o presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) Francisco Maia.

“Essa foi uma decisão tomada entre os supermercados e os frigoríficos, mas quem tem o boi é o produtor, que foi excluído desse debate. Primeiramente eles teriam de saber qual é a realidade nas fazendas para não terem de pagar o mico de voltarem atrás. Essa é uma medida oportunista e marqueteira, porque todos querem sair na fotografia de Copenhagen”, disse.

Maia acrescenta que é totalmente favorável que todas as propriedades tenham um certificado de responsabilidade socioambiental, mas que a preservação tem um custo e que, atualmente, a maioria dos produtores está descapitalizada.

“Quando a arroba do boi chegou a R$ 90 os supermercados foram os primeiros a subirem os preços, mas agora, quando está a R$ 65 eles baixaram o preço da carne na gôndola?”, questiona.

O presidente da Acrissul lembra ainda que, segundo informações da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), 90% das propriedades rurais não atendem aos critérios do Código Florestal, e que até mesmo o governo federal estendeu o prazo para que os proprietários regularizem suas terras. “Ora, 90% das fazendas não têm como obter esse certificado. Então como os supermercados vão colocar carne nas prateleiras?”.

“Não se faz isso de uma hora para outra, o governo sequer tem material humano para fazer o georreferenciamento de todas as propriedades, o que se dirá do pequeno criador que está descapitalizado”, argumenta.

Ele reclama que o produtor não foi chamado para a discussão e que, se a Abras realmente quisesse implantar uma certificação séria teria de conhecer a realidade das fazendas e ainda, saber se os consumidores estão dispostos a pagar mais pela carne certificada, pois, segundo ele, investimentos teriam de ser feitos, os quais seriam repassados para a ponta da cadeia.

“Porque não privilegiar a carne do Pantanal? Que é 100% ambientalmente sustentável. Porque não criar um selo e remunerar melhor quem já alcançou esse estágio de preservação? Isso seria o certo, e não excluir quem ainda está tentando”, desabafa.

De acordo com Maia, a classe defende a certificação de propriedades sustentáveis, mas a decisão dos varejistas em exigir isso sem conversar com todos os elos da cadeia só fez gerar mais transtorno e dificuldades. Ele ainda questiona os motivos dessa decisão só ter atingido os pecuaristas. “E quanto a soja, o arroz, o feijão, o leite? Porque só a carne?”  

O presidente da entidade compara a decisão dos supermercadistas a uma lei que exigisse, de um dia para o outro, que a população só usasse carros elétricos. “Muito bonito, bom para o planeta. Mas daria para ser feito?”.

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