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Frigorífico tem dificuldade para cadastrar fornecedores

28 abril 2010 - 00h00Por O Estado de S. Paulo, por Andrea Vialli e Afra Balazina.

Quase um ano após a publicação do relatório do Greenpeace que aponta a pecuária como principal vetor do desmatamento na Amazônia, os frigoríficos avançaram no processo de cadastrar e monitorar seus fornecedores no bioma. Mas ainda não conseguem rastrear 100% da cadeia e estão revendo os prazos do compromisso assinado com a ONG em outubro de 2009.

Em outubro do ano passado, a promessa dos frigoríficos era cadastrar seus fornecedores dentro de um prazo de 180 dias. Os principais frigoríficos que têm fornecedores de carne na Amazônia, como Marfrig, Minerva e JBS Friboi, pediram mais três meses de prazo para concluir o monitoramento de suas cadeias.

Na última reunião dos frigoríficos com o Greenpeace, no início do mês, representantes da indústria alegaram dificuldades no rastreamento da cadeia. "Enquanto os frigoríficos que têm fornecedores não monitorarem 100% da cadeia, será impossível afirmar que não existe mais gado em área de desmatamento", diz Marcio Astrini, da campanha Amazônia do Greenpeace.

O frigorífico Marfrig, que tem boa parte de seus fornecedores localizados no Mato Grosso, conseguiu mapear pouco mais de 80% das fazendas fornecedoras localizadas no bioma amazônico. O diretor de sustentabilidade do Grupo Marfrig, Ocimar Villela, estima que os três meses a mais de prazo serão suficientes para chegar a 100% de fornecedores rastreados. "O processo está evoluindo. Há dificuldades, pois o processo também depende da vontade dos fornecedores", diz.

Para monitorar a cadeia, as fazendas precisam fazer o Cadastro Ambiental Rural (CAR), registro eletrônico das propriedades nos órgãos ambientais. É por meio do CAR que é feito o georreferenciamento das propriedades e é possível verificar se está havendo desmatamento ilegal.

Segundo Villela, um dos meios para estimular a regularização das fazendas é reduzindo a burocracia. O Marfrig também premiará, com viagens à Copa do Mundo na África do Sul, os fornecedores com melhores práticas ambientais. "A grande tarefa é mostrar ao mundo que o Brasil pode ter produção de carne com sustentabilidade", diz. Segundo o executivo, cresceu a pressão por parte das multinacionais que compram couro, como Nike, Adidas e Timberland.

A JBS Friboi, maior frigorífico do mundo e que recentemente se fundiu ao Bertin, afirma em nota que está avançando no monitoramento dos fornecedores. "A JBS comprometeu-se a obter os pontos georreferenciados de 100% de seus fornecedores diretos localizados no Bioma Amazônico nos próximos 90 dias", diz. A área a ser monitorada possui cerca de 1,6 milhão de km² - mais de seis vezes o tamanho do Estado de São Paulo.