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Fecundação in vitro é alternativa para padronizar e melhorar eficiência do rebanho leiteiro

17 maio 2013 - 17h38Por CANAL RURAL

 As tecnologias usadas no melhoramento genético bovino avançam, mas quando são novidades, o uso fica restrito aos animais de elite pelo alto custo. Foi o caso da fecundação in vitro (FIV), que permite a produção de embriões em laboratório. Hoje, essa ferramenta está sendo usada para mudar o conceito na produção de leite no país.


O Brasil é responsável por mais da metade da produção de embriões através da FIV no mundo. Em Minas Gerais, maior bacia leiteira do país, técnicos fazem um trabalho pioneiro para padronizar o rebanho melhorando a eficiência em toda cadeia leiteira. 

Nas fazendas de leite, é comum encontrar os botijões de sêmen para inseminação artificial, mas esta cena vai mudar. Com a inseminação artificial, o pecuarista consegue metade da bezerrada fêmea e metade de machos. Com a fecundação in vitro, usando o sêmen já sexado no laboratório, o pecuarista pode conseguir mais de 90% de fêmeas. 

Minas Gerais tem 10 milhões de fêmeas bovinas em idade de reprodução, acima de 24 meses. Metade tem cruzamento de zebuíno com holandês. Mais de 80% da produção de leite no país vem da cruza de Gir com Holandês, o Girolando. A possibilidade de popularizar a FIV no rebanho comercial vai mudar os conceitos no campo. A ideia é padronizar o gado leiteiro comercial com mais eficiência e com respostas rápidas para os desafios do mercado. 

A técnica da FIV, que chegou a custar mais de R$ 30 mil no caso de rebanhos de elite, hoje está mais acessível e os embriões podem ser implantados direto naquelas vacas que vão para a ordenha comercial.

– Podem ser implantadas tanto em receptoras designadas especialmente para isso, em novilhas de reposição ou, a maior quebra de paradigma que estamos vivendo nos últimos dois anos, usar o próprio rebanho de produção as vacas leiteiras como receptoras, que tem efeito de muito sucesso em algumas fazendas – afirma o zootecnista Cláudio Severino Lara.

Na Fazenda experimental Santa Rita, da Epamig, na região central de Minas Gerais, os pesquisadores concluíram que as vacas meio sangue que vêm do cruzamento de vaca zebuína e touro holandês e as de sangue três quartos, que vêm da vaca meio sangue com sêmen de touro holandês, são os melhores rebanhos para produção de leite a pasto no clima tropical. Padronizar nesses dois cruzamentos vai mudar o jeito do produtor de leite gerenciar a propriedade. 

– O que nós tínhamos antes de 2000 era esse rebanho misturado, meio sangue, três quartos, sete oitavos, até quinze dezesseis, mas os animais ficavam muito heterogêneos. Você precisa de um manejo numa mesma propriedade, há animais de diferentes graus de sangue aproximando do holandês. A intenção foi chegar até o três quartos com cruzamentos terminais para ter fornecimento de animais mestiços prontos para entrar na cadeia da carne – afirma o pesquisador Waldir Botelho. 

O produtor de leite, que depende do preço pago pelos laticínios e do custo da ração, quando consegue padronizar o rebanho, fica mais fácil equilibrar as contas com manejo de resposta rápida. 

– A três quartos é um animal muito versátil que, além de produzir leite sem bezerro ao pé, ela consegue caminhar para comer parte do ano o volumoso fora do cocho. Quando ela não tem uma oferta grande de concentrado, a produção vai cair, então isso pode ser um viabilizador da pecuária leiteira. Concentrado caro fornece menos à produção, baixa um pouco, mas se o concentrado barateia ou o preço do leite sobe, que são as duas coisas que estão acontecendo este ano, baixa preço de concentrado, sobe preço de leite, ele fornece mais concentrado e a três quartos responde muito bem a este estímulo – garante o zootecnista Cláudio Severino Lara. 

A fazenda do Riacho, especializada em venda de vacas, já tem resultado. De 130 novilhas três quartos para venda, pulou para mais de 200 e ainda mantém 427 embriões congelados. Hoje, o pecuarista seleciona as 12 melhores vacas para serem as doadoras, por isso pode reduzir o rebanho. De 150 vacas em lactação, vai baixar para 80, já que ele não é produtor de leite e sim de genética. Neste lote, estão novilhas, todas prenhes de FIV, com garantia de fêmea três quartos na barriga, que vai para leilão com valor agregado.

– Essa gestação agrega valor à novilha, de forma a cobrir os custos que temos com a FIV e ainda retornar sobre a qualidade superior, sobre o ganho que o nosso cliente vai ter rentabilizando o seu negócio com leite – afirma o zootecnista Lucio Halley Machado, que cuida da fazenda do Riacho.

Cada um na sua especialidade, garantir quem faça as vacas meio sangue e três quartos, ou ainda fazer isso na fazenda comprando a FIV de empresas especializadas e direto no rebanho, mantém a produtividade em alta. O produtor comercial evita gastar com o bezerreiro, por exemplo, e cuida apenas do produto final, que é leite de qualidade com menor custo possível.

– Quem cria e recria e quem tira leite efetivamente, o produtor, à medida que ele tem todo seu tempo destinado a produzir leite, a não ter outras variáveis para administrar, ele ganha eficiência no sistema e ele está querendo, um produto que chegue na mão dele em condições de produzir imediatamente e por toda a vida útil – afirma Halley Machado.