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Fechamento de fábricas pode elevar custos de suplementação

30 abril 2018 - 23h28Por DBO Rural
Fechamento de fábricas pode elevar custos de suplementação

A Petrobras anunciou, no fim de março, que pretende encerrar a produção nas fábricas de fertilizantes nitrogenados de Camaçari, BA, e Laranjeiras, SE, por “perspectivas de perdas com as operações”. A medida preocupa o setor de suplementação pecuária, segundo Ademar Leal, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram). “É um impacto enorme, estamos sob risco de desabastecimento de ureia pecuária”, afirma. De acordo com ele, a Petrobras produz 15% da ureia utilizada no país, mas, em relação à ureia pecuária, ela é responsável por 95% da produção.

 
O encerramento das atividades obrigará o setor a importar o produto. E, de acordo com Leal, apenas uma empresa está habilitada a vender ureia pecuária para o Brasil. “Tem vários pedidos de registro em andamento, mas aprovado só esse”. O processo leva cerca de dois anos, mas, conforme ele, técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) se comprometeram a fazer uma força-tarefa para agilizar o andamento dos registros caso as unidades da Petrobras realmente parem a produção.
 
Para o presidente da Asbram, os preços da ureia pecuária podem ter alta neste primeiro momento com a importação. “O aumento de custo esperado para o Centro-Oeste brasileiro, por causa da distância dos portos e da maneira com que o produto é transportado, é de 10% a 15%. E a ureia pecuária já é mais cara do que a agrícola por causa dos 10% de PIS/Cofins”.
 
Para evitar esse cenário, a associação e outras entidades do agronegócio, junto com políticos da Bahia e de Sergipe, tentam convencer o governo federal sobre a importância de manter o funcionamento das plantas. Segundo Leal, a Petrobras se comprometeu a adiar a suspensão das atividades para 30 de outubro com garantia de abastecimento da ureia pecuária até 30 de dezembro. “Isso nos dá um conforto mediano, mas somos contra o fechamento. O impacto é grande não só para a pecuária, mas também para a economia local, pela perda de empregos”. 
 
Uma alternativa caso a Petrobras não volte atrás seria, segundo o presidente da Asbram, a BR Distribuidora fazer a importação de toda a ureia pecuária utilizada no país e revendê-la internamente, pelo menos até que o mercado se regule. Ele afirma que para o nível da Petrobras e de grandes players internacionais de fertilizantes, o consumo interno de ureia pecuária é baixo. “Nosso uso está em torno de 250 mil toneladas/ano, enquanto a agricultura utiliza cerca de 4,5 milhões de toneladas/ano. Mas é um volume muito importante e estratégico”. A ideia da importação ocorrer via BR distribuidora é para que os custos sejam menores, já que o volume será maior do que cada empresa comprando a sua parte no mercado externo. “Nós, empresas de suplementos, não temos esse conhecimento nem quantidade para importar, enquanto a BR já tem e poderia fazer isso inicialmente. Mas acreditamos que com 2 ou 3 anos o mercado se ajuste, pode ser que algum player decida investir no Brasil e abra uma planta”.
 
Ureia agrícola x pecuária - A legislação atual proíbe que a ureia agrícola seja utilizada na nutrição animal. Apesar de terem concentrações parecidas de nitrogênio, elas diferem em aspectos importantes que inviabilizam o uso da agrícola na pecuária. Entre as distinções estão o nível de pureza e o controle de contaminantes, muito maiores no produto empregado na alimentação animal. “A ureia fertilizante ainda conta com aditivos - como o formol - para aumentar o grau de dureza, que são proibidos na nutrição bovina”, explica Luciano Morgan, gerente de categoria de gado de corte da DSM|Tortuga. Além disso, os cuidados com armazenagem são mais rigorosos para que não haja contaminação da ureia pecuária.
 
Por isso, é preciso que o pecuarista utilize apenas a ureia pecuária e também preste atenção na armazenagem do produto na propriedade, deixando-o separado de possíveis contaminantes e longe de paredes e ambientes úmidos, pois é um material que absorve água, de acordo com Morgan. “Com essa situação, é importante conscientizar o pecuarista para que ele não caia na tentação de usar ureia fertilizante”, diz o presidente da Asbram.