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Embrapa: "foi natural retração do setor público", diz novo presidente

15 outubro 2012 - 00h00Por Agrodebate

 Após deter até 70% do mercado de cultivares soja no país a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) perdeu espaço no desenvolvimento de biotecnologia após ser ultrapassada pelo maciço investimento do setor privado, especialmente as multinacionais. Atualmente, elas respondem pela maior oferta de tecnologia voltada à agricultura empresarial brasileira. 

Presidente da Embrapa, Maurício Lopes considera o efeito como natural. "Muito naturalmente com a chegada de um setor privado ativo e com grandes investimentos foi natural a retração do setor público", considerou.

Funcionário de carreira da empresa há 23 anos o novo presidente assume o comando da Embrapa com o desafio de aumentar os investimentos em pesquisas. A posse está programada para as 15h (horário de Brasília) desta segunda-feira. 

"Não podemos nos contentar com a explosão completa e total do setor [privado]", afirmou. 

Injeção de recursos na área de pesquisa e reestruturação da atividade podem dar condições para a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária chegar à autossuficiência na produção de biotecnologias para atender a agricultura brasileira, considera. 

"Temos que manter um espaço para atuação do setor público nesse segmento [agronegócio] que é crucial e estratégico para a economia brasileira", defende Maurício Lopes. 

A necessidade de mais recursos para a Embrapa e oferta maior de biotecnologias para o segmento agrícola já se tornou parte da agenda de cobranças das entidades do setor produtivo. Carlos Fávaro, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho em Mato Grosso (Aprosoja) considera estar o produtor rural "refém" das multinacionais. 

"Empresa pública precisa de investimento. Com mais dinheiro vai dar mais segurança ao produtor, hoje refém das multinacionais", ponderou Fávaro.

Somente em 2012 a Embrapa trabalha com um orçamento de R$ 2 bilhões. "É muito mais viável ter uma tecnologia própria, eficiente e que garanta eficiência ao produtor rural brasileiro", menciona ainda Carlos Fávaro.

Recursos extras

Antes de deixar o comando da Embrapa após uma série de desgastes envolvendo a Embrapa Internacional, o ex-presidente Pedro Arraes reconheceu que os recursos extras destinados por meio do PAC Embrapa "salvaram" a empresa.

Em 2008 o volume revertido à pesquisa agropecuária chegou a R$ 914 milhões. Desse montante, R$ 650 milhões para serem investidos diretamente na Embrapa e outros R$ 264 milhões destinados às Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária (OEPAs), que integram o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA).