Pensando no crescente número de acidente envolvendo abelhas africanizadas nas propriedades rurais de Mato Grosso do Sul, a Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), conversou com o médico alergista e presidente da ASBAI/MS (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia Regional Mato Grosso do Sul), Doutor Adolfo Adami, na intenção de orientar o produtor rural sobre como agir em situação de ataque, já que em alguns casos a falta de conhecimento pode ser fatal.
No Brasil, a espécie que causa preocupação são as abelhas africanizadas, elas surgiram do cruzamento das abelhas africanas com abelhas europeias, ou seja, uma espécie hibrida. Elas são altamente defensivas e territorialistas, podendo atacar em um raio de 100 metros e em grande número quando se sentem ameaçadas.
O ataque cada vez mais constante destes animais têm preocupado produtores rurais em diversas regiões de Mato Grosso do Sul. Com o aumento das temperaturas e a intensificação das atividades agrícolas, os casos de acidentes envolvendo enxames tornaram-se mais frequentes nos últimos meses. Segundo o Corpo de Bombeiros Militar de MS, houve um crescimento de 25% nos chamados para ocorrências com abelhas em áreas rurais apenas no primeiro semestre de 2025.
De acordo com o Dr. Adolfo, a média de óbitos envolvendo ataque de abelhas nos últimos anos vinha se mantendo em três por ano, mas o que assustou a associação foi o aumento desses casos. “De dezembro de 2024 até janeiro 2025 foram registradas cinco mortes devido a ataques de abelhas no Mato Grosso do Sul. Os casos ocorreram em áreas rurais de Nova Andradina, Sidrolândia e Camapuã, com duas mortes consecutivas em Camapuã no período de cinco dias. Além das mortes, outros ataques graves também ocorreram em 2024, afetando tanto adultos quanto crianças em diferentes cidades do estado”, diz o Doutor.
Ainda de acordo com o Dr. Adolfo o ataque desses animais na área rural é algo inevitável, já que se trata da natureza, porém, alguns cuidados podem ser tomados como forma de prevenção. Assim como o uso de EPIs, cuidados com pessoas alérgicas, retirada do ferrão (após a picada), e pedido de ajuda.
Estratégias para prevenir ataques de abelhas nas propriedades
Vistorias frequentes – Caminhões, galpões, caixas d'água e cercas devem ser inspecionados regularmente. Evitar barulho e vibração – Máquinas ruidosas despertam o comportamento defensivo das abelhas. Manter a vegetação sob controle – Enxames preferem locais sombreados e protegidos. Sinalização de áreas com colmeias – Caso haja colmeias naturais ou de apicultores vizinhos, demarcar as áreas e evitar perturbações. Usar roupas em tons pasteis e evite perfumes, principalmente os florais – Roupas coloridas chamam atenção das abelhas.
Uso EPI (Equipamento de Proteção Individual)
Em propriedades rurais, a proteção contra ataques de abelhas envolve o uso de EPIs e medidas de segurança. Os mais comuns incluem macacões, luvas, botas, viseiras e máscaras, que garantem a proteção do trabalhador contra picadas e outros riscos. Mas a orientação é que os trabalhadores rurais carreguem no bolso um capuz de fuga para apicultura, o capuz possui dois modelos e é confeccionado com tela resistente, este acessório deve ser utilizado em casos de emergências quando houver riscos de picada de abelha. Ele protege o rosto do trabalhador possibilitando a fuga até um local de abrigo.
O que fazer em caso de ataque
Corra em zigue-zague no sentido contrário e procure abrigo fechado (veículo, casa ou galpão). Cubra o rosto, especialmente os olhos e nariz. Não tente reagir ou matar as abelhas – isso intensifica o ataque. Não pular na água – As abelhas não vão desistir do ataque e você pode passar mal e se afogar. Após o ataque, remova os ferrões com cuidado (usando uma pinça, raspando com cartão ou lâmina) e procure atendimento médico imediato, especialmente se houver histórico de alergias. Para os alérgicos é indispensável o uso da caneta de adrenalina (receitada previamente por um médico alergista), porém esse medicamento deve ser usado de forma correta. Segurar a caneta com uma mão, com o gatilho voltado para cima; girar a trava da caneta para a direita; remover a tampa da caneta; destravar o gatilho no topo da caneta, girando o botão 90 graus; pressionar a ponta da caneta contra o músculo na parte externa da coxa; pressionar o gatinho até ouvir um pequeno clique; esperar 10 segundos antes de retirar a caneta da pele; massagear o local da injeção por cerca de 10 segundos. Após a aplicação, deve-se deitar com as pernas elevadas, acima da altura do coração, até o socorro chegar, ou ir imediatamente ao pronto socorro ou hospital mais próximo.
A ASBAI/MS acredita que a prevenção é a principal aliada do homem do campo. Campanhas educativas e treinamentos com trabalhadores rurais são caminhos eficazes para proteger vidas humanas e preservar a importância ecológica das abelhas na polinização. “Nosso trabalho é informar as pessoas e assim salvar vidas, a associação vai até ao grupo de trabalhadores apresentar os EPIs simples. Também palestramos em escolas sobre alergias de insetos e picadas de abelhas", finaliza o Dr. Adamis.
Quando chamar ajuda
O Corpo de Bombeiros deve ser acionado em casos de enxames em locais de risco. Também há empresas especializadas em manejo e remoção de colmeias sem a destruição das abelhas, especialmente importante em tempos de crise ambiental.
Contatos úteis:
Corpo de Bombeiros MS: 193
Defesa Civil: 199
Centro Integrado de Vigilância Toxicológica (Civitox): (67) 3386-8655