É cada vez maior o número de produtores sul-matogrossenses que aderem as técnicas recomendadas pelo sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Silvicultura (ILPS), implantadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (DEPROS/MAPA).
Segundo Dirceu Luiz Broch, Diretor da Fundação MS - Pesquisa e Tecnologia, aproximadamente 5% dos produtores do Estado aplicam as técnicas de integração Lavoura-Pecuária (ILP) e em torno de 1% dos produtores já implantou o sistema de produção ILPS ou ILPF (florestas). O município de Maracaju foi pioneiro na atividade no Mato Grosso do Sul, através do produtor e emprendedor, Ake Van Der Vine. Hoje o município conta com cinco propriedades modelo em ILPS.
De origem holandesa, Ake, possui 1.000 hectares no sistema ILP. No total são 750 hectares de soja e 250 hectares de pastagens onde são engordadas anualmente mil cabeças de gado. Para Brock, o bom exemplo do produtor já virou moda na região e hoje quem vem praticando o sistema de produção com integração, tem tido uma rentabilidade de aproximadamente R$ 600,00 a mais por hectare, em relação ao sistema convencional de produção.
O sistema de produção com integração lavoura-pecuária se adapta muito bem ao bioma cerrado. Além de ser uma das melhores opções para recuperação de pastagens degradadas, potencializa a produtividade na pecuária e produção de grãos.
O plantio de lavouras é uma alternativa de curto prazo utilizada pelos produtores de Maracaju e região, como forma de recuperar áreas degradadas, além de ajudar a financiar e reduzir os custos de implantação das pastagens e florestas.
A degradação do solo prejudica a produção agrícola, favorece o aparecimento de espécies invasoras (plantas daninhas) e diminui a cobertura vegetal, ocasionando erosão por chuva ou vento. "A integração otimiza o uso do solo, com a produção de grãos em áreas de pastagens e melhora a produtividade pela renovação, ao aproveitar a adubação residual da lavoura, com maior ciclagem e incremento da matéria orgânica", explica o técnico da Divisão de Agricultura Conservacionista do Ministério da Agricultura, Maurício Carvalho.
A integração lavoura-pecuária-floresta é empregada em diferentes sistemas de produção de grãos, fibras, madeira, carne, leite e agroenergia, que podem ser realizados na mesma área. "É uma alternativa para o produtor rural porque oferece oportunidades de negócios e a diversificação das atividades econômicas, além da questão de sustentabilidade da propriedade", afirma. Carvalho também explica que, há três anos, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) desenvolve o sistema ILPS em dez estados, a maioria no bioma cerrado. "Nessas áreas, a degradação ocorre mais rapidamente que em solos de maior fertilidade, como os da região Sul do País. Por isso o Mapa não tem medido esforços na realização de cursos de capacitação, publicação de materiais explicativos e políticas de crédito específicas para que o produtor consiga recursos para adequação da propriedade ao sistema conservacionista.
Para estimular a recuperação de pastagens, o Ministério da Agricultura criou o Programa de Produção Sustentável do Agronegócio (Produsa). A iniciativa oferece linha de crédito de investimento para adoção de sistemas de produção agropecuária, que respeitam a legislação ambiental. Os limites de crédito chegam a R$ 400 mil, com juros de 5,75% a 6,75%, por beneficiário. O prazo de reembolso varia de 5 a 8 anos, dependendo da área de atuação.