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NANOTECNOLOGIA

Cientistas avaliam se embalagens com nanopartículas podem afetar saúde

Estudo investigou se o uso do nanomaterial no ambiente materno pode afetar a saúde da mãe ou da prole

05 novembro 2021 - 10h52Por Embrapa

Todos os anos, milhares de toneladas de alimentos já embalados são perdidos no mundo, devido à deterioração do produto ocasionada por contaminação microbiana. Uma possível abordagem para minimizar esse problema é a utilização de embalagens microbicidas contendo aditivos de prata. Atualmente há um interesse crescente da indústria de embalagens, quanto a utilização de nanopartículas de prata (NPs Ag), por causa de suas propriedades antimicrobianas.

Completo ao uso dessas nanopartículas, foi realizado um estudo por cientistas da Embrapa com a pós-graduação Aline Becaro da Universidade Federal de São Carlos - UFsCar, investigando se o uso delas em embalagens de alimentos pode apresentar alguma interferência na reprodução. O estudo contou ainda com uma colaboração da Universidade Federal de São Paulo.

Os pesquisadores da Embrapa Instrumentação (São Carlos, SP) Marcos David e Daniel Corrêa explicam que embalagens de alimentos contendo prata apresentam-se como uma solução para ajudar na diminuição das perdas, uma vez que os sistemas de embalagem ativas promovem melhor qualidade ou estabilidade dos produtos. A eficaz inibitória microbiana de embalagens contendo nanomateriais é especificada pelo contato do agente antimicrobiano contido na superfície da embalagem com bactérias. Também, alguns estudos mostram que ocorre a migração de prata (como nanopartícula ou forma iônica), de embalagens e recipientes de alimentos para os alimentos.

Contudo, as questões relativas à saúde e segurança da utilização destes nanomateriais não estão totalmente disponíveis, especialmente durante o período de desenvolvimento embriofetal. Em consequência, os pesquisadores acreditam que é importante avaliar se o nível de migração do nanomaterial da embalagem para o alimento pode causar prejuízo aos organismos. Eles pretendem verificar verificar a ocorrência de efeitos tóxicos possíveis devido a ingestão de baixas devidas a AgNP, representando uma ingestão de AgNPs devido à sua migração da embalagem para o alimento.

Estudo avaliou interferência na reprodução

Na literatura científica há muitos estudos que avaliam os efeitos adversos causados por nanopartículas de prata. Alguns trabalhos realizados evidenciam o resultado na geração de espécies reativas de oxigênio (ROS) e no controle hormonal dos processos reprodutivos e alguns estudos sugeriram que algumas dessas nanopartículas atravessam a placenta. Estes dados levaram a realização do trabalho que buscou estudar uma eventual toxicidade dessas nanopartículas em organismos-teste no período perinatal.

Assim, os cientistas, estudaram os efeitos da exposição pré-natal de nanopartículas de prata sobre os efeitos possíveis e consequências na pré-natal de ratas Wistar e no desenvolvimento pós-natal do prole. As ratas foram expostas às nanopartículas de prata durante a gestação em diferentes critérios que estão em conformidade com a quantidade que pode migrar da embalagem para os alimentos após certo período.

Foram tomadas a duração da gestação, tamanho da ninhada no nascimento, número de filhotes natimortos e número de filhotes mortos durante o período de lactação, peso do embrião além do ganho médio de peso corporal das mães durante o período gestacional.

Conforme explica Humberto Brandão, pesquisador da Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora, MG), os dados do estudo não resistente ao efeito sobre a duração da gestação, o tamanho da ninhada ao nascimento e o número de natimortos. Também não foi detectado acúmulo de prata em órgãos, como fígado e intestinos.

Já a pesquisadora Luzia Oliveira, da Universidade Federal de São Paulo, explica que os parâmetros de desenvolvimento físico tomando nos filhotes, como o desenvolvimento do pelo, erupção dos dentes incisivos, abertura das orelhas e abertura dos olhos, em geral não foram afetados. 

Contudo, os resultados do estudo também indicam que a exposição materna às nanopartículas pode induzir mudanças nos parâmetros reprodutivos do prole, como descida dos testículos e abertura vaginal, mesmo em ajustes que não causam mudanças em outros parâmetros de desenvolvimento dos filhotes e na reprodução materna. Segundo os autores, isso ocorre porque, embora os marcos da maturação sexual dentro dos parâmetros fisiológicos da espécie, foi verificado um pequeno atraso na apresentação destes parâmetros nos filhotes de ratas expostas como nanopartículas de prata, em comparação com o controle do grupo de controle. O atraso sutil nenhum sinal da puberdade devida cautela com relação à exposição às nanopartículas de prata durante a gravidez.

Conforme destacou a pesquisadora Vera Castro, da Embrapa Meio Ambiente, apesar de nanopartículas de prata serem uma boa solução para a conservação de alimentos, quando presentes nas embalagens, ainda se faz necessária um maior aprofundamento acerca das possíveis consequências da exposição humana a esses materiais, com o objetivo de avaliar mais claramente as doses de exposição segura a estas nanopartículas.

Um prata como agente bactericida

Na Grécia antiga, havia o hábito de se colocar uma colher de prata no vaso com água de beber, como forma de elemento sanitizante. Sais de prata têm sido utilizados por séculos como agentes antimicrobianos na medicina e o seu uso diminuiu com a introdução de antibióticos, como a partir da invenção da penicilina, que fez com que o uso da prata diminuiu consideravelmente. Contudo, com o aumento de casos envolvendo resistência a antibióticos, os compostos de prata têm ganhado mais espaço. Atualmente com o avanço da nanotecnologia, as propriedades antimicrobianas dos sais de prata também chegaram às embalagens de alimentos, em forma de aditivos nanoparticulados.

Como funciona

Os metais e óxidos metálicos, dentre estes a prata, íons liberam que ao entrar em contato com a célula, superficialmente ou no seu interior, acarretam mudanças importantes e importantes, capazes de causar a morte celular. Nesse universo, as nanopartículas de prata, são uma das mais eficazes por se ligarem a diferentes materiais como os que compõem as embalagens.

O trabalho está disponível aqui , de Aline Becaro, Maria Siqueira, Daniel Correa e Marcos David Ferreira, do Programa de Pós Graduação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Embrapa Instrumentação, Luzia de Oliveira, Universidade Federal de São Paulo, Vera Castro , Embrapa Meio Ambiente e Humberto Brandão, Embrapa Gado de Leite.