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Carnes: Preço ao produtor pode recuar após denúncias em frigoríficos

22 março 2017 - 00h00Por Notícias Agrícolas

Os preços aos produtores de carnes bovina, suína e de aves, poderão recuar no mercado interno como consequência das denúncias de irregularidades anunciadas pela Polícia Federal, na última sexta-feira (17).

A operação denominada Carne Fraca tomou proporção mundial, como não era difícil de imaginar já que o Brasil é um grande player no setor. Como consequência, importantes países importadores informam, desde o anúncio, a suspensão temporária de compras da carne nacional.

Também não é novidade que desde 2014 o consumo interno de carnes - especialmente a bovina - vem caindo devido à redução no poder de compra da população brasileira. Resultado, o setor precisou expandir suas vendas externas para garantir o escoamento da produção, cenário que ocorreu em 2016 e se repete neste ano.

"Acontece que o setor de carnes precisaria de um crescimento das exportações em 2017 e não uma queda. Porém, essas denúncias levaram a suspensão das compras, então o que teremos daqui para frente é um excedente de oferta no mercado interno", explica o analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias.

Embora ainda seja muito precoce ponderam a movimentação dessas cotações, o analista afirma que seria impossível não considerar uma redução nos preços internos de todas as carnes. A intensidade e duração dessas consequências, porém,dependerão da rapidez com que as medidas de controle serão aplicadas.

No mercado do boi gordo muitos frigoríficos já iniciaram a semana fora das compras, frente às incertezas dos efeitos da operação Carne Fraca na demanda interna e externa. Mas, o analista da Scot Consultoria, Hyberville Neto, ressalta que a ausência das indústrias no mercado acaba gerando o encurtamento das escalas e "em determinado momento eles precisaram voltar aos negócios", diz. "A expectativa de como essa oferta vai chegar e como o pecuarista irá lidar com a pressão de baixa", diz.

No caso do mercado interno, Iglesias, diz acreditar que o impacto sobre o consumo será menor. "Não acredito que o brasileiro deixará de comer carne, o que provavelmente vá acontecer é uma atenção maior da população pela procedência dos produtos, evitando a compra das marcas envolvidas na operação", pondera.

Por outro lado, o analista da Scot destaca outro ponto importante. Segundo ele, caso as exportações de carne de frango sejam afetadas significativamente, o excedente desse produto poderá elevar a competitividade com a carne bovina e suína no mercado interno, já que o frango é a opção mais barato ao consumidor local.

Vale ressaltar que as denúncias da Polícia Federal apuram 21 plantas frigoríficas, no universo de 4.600 unidades no Brasil. Dessas, apenas em cinco foram confirmadas as irregularidades [maioria na produção de embutidos] e outras 16 em fase de verificação. Contudo, a operação tomou grandes proporções e os consumidores estão receosos quanto a qualidade da carne, mesmo que os apontamentos não representam a imensa cadeia da carne nacional.

A preocupação do setor fica por conta do cenário adverso que já é vivenciado nos últimos meses, com cotações pressionadas e custos elevados. Na carne bovina, a virada de ciclo da pecuária [aumento de oferta] já vem promovendo o declínio das cotações aos pecuaristas. No ano passado a arroba chegou a ser cotada em R$ 160 no mercado futuro, enquanto nesse ano a referência para o mesmo período - contrato outubro - está cotada a R$ 140/@, aproximadamente.

Nas demais proteínas, frango e suínos, o cenário é semelhante. No período de um ano o preço do frango vivo nas granjas de São Paulo caiu 1,8%, saindo de R$ 2,80/kg para os atuais 2,75/kg. Já o custo de produção medido pelo Embrapa Aves e Suínos subiu 5,44%, em termos nominais, no ano passado.

Na suinocultura embora os preços tenham apresentado recuperação nos últimos 12 meses, a alta nos custos compensa a correção das cotações. Segundo levantamento de preço do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), em Santa Catarina - maior produtor - o quilo do animal vivo é atualmente comercializado na média de R$ 3,88 contra os R$ 2,94/kg há um ano. O custo, no mesmo período subiu 8,47%.

Como ponto positivo, os preços de componentes importantes da nutrição - milho e farelo de soja - vem caindo neste ano, melhorando a margem lucrativa dos produtores.

Em 2017, o ICPSuíno acumula queda de 8,50%, e chega a -7,37% nos últimos 12 meses, já o ICPFrango acumula baixa de 6,74%, enquanto nos últimos 12 meses a variação é de -12,99%.

A expectativa fica agora para que o fluxo de exportação seja retomado o quanto antes, com os esclarecimentos que estão sendo prestados pelo Brasil ao mundo, evitando consequências maiores aos preços.