Estoques mundiais e internos são algumas das interferências mais importantes no mercado de trigo. No mundo atualmente, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), existe a disponibilidade 167 de milhões de toneladas; no Brasil, graças à interferência do governo foram retiradas 700 mil toneladas, baixando de 2,4 milhões para 1,6 milhão o estoque do produto no mercado no mês de agosto.
Além das questões internas, o mercado se ressente das oscilações nos países produtores. Segundo Paulo Magno Rabelo, que representou a Conab no painel do Tecnoshow, nos últimos quatro anos houve um incremento de quatro milhões de hectares na área cultivada no mundo. Na safra 2003-2004, por exemplo houve um aumento de 70 milhões de toneladas, mas se prevê recuo na produção mundial nos próximos dois anos, embora haja potencial de consumo. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) apontam que no mundo há oferta de 682 milhões de toneladas de trigo, o que significa a disponibilidade de 105 quilos por habitante ao ano, considerando uma população mundial de 6,5 bilhões de pessoas. ‘‘A título de comparação, existe a disponibilidade de 331 quilos por pessoa de soja e milho, que alcança produção de 2,1 bilhões de toneladas’’, diz Rabelo.
O trigo do Mercosul abastece o mercado do Brasil, que tem produção anual de 5,8 milhões de toneladas e é o quinto maior importador do mundo. A Argentina, que enfrentou problemas climáticos e políticos este ano e colheu 7,7 milhões de toneladas, ainda terá disponibilidade de exportar 1,5 milhão de toneladas.
No Paraguai houve incremento na produção, mas o país só vai consumir 300 mil das 1 milhão de toneladas que colheu. O Uruguai produz 1,7 milhão de toneladas e consome 400 mil toneladas. (Raquel de Carvalho)