O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros, a Selic, de 14,25% para 14,75% ao ano. Com isso, a taxa chega ao maior nível desde julho de 2006. A decisão foi unânime. A alta de 0,5 ponto percentual (p.p.) era a expectativa majoritária do mercado, como mostrou levantamento do Valor com 124 instituições financeiras e consultorias.
Desse total, 117 esperavam uma elevação de 0,5 ponto percentual (p.p.) na reunião desta semana. O Copom comunicou que irá adotar “cautela adicional” na sua próxima reunião. “Para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação” , disse o Copom, em comunicado divulgado há pouco.
O colegiado avisa ainda que “se manterá vigilante e a calibragem do aperto monetário apropriado seguirá guiada pelo objetivo de trazer a inflação à meta no horizonte relevante e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.
Na reunião anterior, o Copom havia sinalizado que faria um ajuste de “menor magnitude” nesta reunião considerando a “continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, da elevada incerteza e das defasagens inerentes ao ciclo de aperto monetário em curso”.
Desde a última reunião, a mediana das projeções de inflação para 2026 do relatório Focus passou de 4,48% para 4,51%. A meta é de 3% com intervalo de tolerância de 1,5 p.p. para cima ou para baixo. As projeções para o câmbio também baixaram de R$ 6 para R$ 5,91 em 2026. O dólar fechou cotado a R$ 5,7458 nesta quarta-feira. Outro ponto de atenção é o movimento do Federal Reserve (Fed, banco central americano), que manteve a taxa de juros inalterada na faixa de 4,25% a 4,50% na reunião que aconteceu na quarta-feira. A decisão foi unânime e amplamente esperada pelo mercado.
Para o Fed, houve aumento de incerteza no cenário econômico, mas a avaliação é de que a economia segue se expandindo em ritmo sólido. Após a decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse em entrevista que o impacto das tarifas sobre a inflação a longo prazo ainda não está claro e que a coisa certa a se fazer é esperar para ter maior clareza.