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Alta do petróleo encarece exportação de carne

25 maio 2018 - 00h03Por DBO Rural

A alta de preços do petróleo e o aumento de embarques para o Extremo Oriente, principalmente após o embargo russo às proteínas bovina e suína do Brasil, têm encarecido o valor do frete marítimo para as exportações de carne. É o que diz João Momesso, diretor de trade e marketing da Maersk Line para a Costa Leste da América do Sul. Por causa do avanço das cotações do petróleo, a empresa anunciou esta semana que, a partir de 1º de junho, cobrará sobretaxa de US$ 60 dólares (cargas secas em contêineres de 20 pés) a US$ 180 (refrigerados em contêineres de 40 pés, tipo que representa quase 100% das exportações de carnes).

O embargo russo às carnes bovina e suína reduziu os números de exportação para a Europa no primeiro trimestre do ano. Entre as cargas refrigeradas, a queda foi de 16%. Olhando apenas para a Rússia, em 2017, 2,8 mil contêineres de 40 pés saíram do Brasil para o país com proteína bovina ou suína. A suspensão das importações zerou esse número. Apesar disso, as exportações de carne bovina pela empresa cresceram 14% no primeiro trimestre de 2018 em relação ao mesmo período do ano passado, segundo relatório trimestral. Isso porque as vendas para o Extremo Oriente, especialmente China, se aqueceram e compensaram o fechamento temporário do mercado russo.
 
Segundo Momesso, esse aumento de fluxo para a Ásia – que deve se manter – tem obrigado a empresa, junto com os clientes, a ser criativa para conseguir levar os produtos ao destino final. “Do ponto de vista dos nossos navios, isso é um desafio. Como levo mais de uma commodity, se um cliente ou linha de produto muda o fluxo, não consigo mudar o navio”. Há cerca de dois anos, a empresa oferece, por falta de espaço, além da escala direta – embarque em Santos rumo a Hong Kong -, uma rota via Europa. No espaço de um contêiner que deveria ir para a Rússia, por exemplo, a Maersk coloca um para a China. Esse contêiner é desembarcado no sul da Espanha e de lá vai para a Ásia. “Mas atéessas embarcações já está ficando cheias”, afirma. A nova alternativa a ser explorada é o caminho via Canal do Panamá, em que o contêiner sai do Brasil em navio com destino ao Caribe, troca de embarcação lá e chega na Ásia pelo Canal.
 
As alternativas, porém, trazem custos maiores, já que o tempo de viagem aumenta em até duas semanas e os contêineres refrigerados precisam ficar conectados a tomadas durante todo o tempo – no navio e nos terminais. “No navio, essa energia vem do bunker, que é combustível e, com o aumento do petróleo, o impacto é maior. É uma solução que atende o mercado, mas é mais custosa”.
 
A saída, segundo Momesso, seria o aumento de capacidade de navios com rotas diretas, mas o diretor da Maersk Line não vê isso acontecendo em 2018, especialmente com cenário de alta do petróleo, revisão para baixo das estimativas do PIB brasileiro e incertezas em relação à eleição 2018. “Se os indicadores mudarem e forem para o lado certo, talvez em 2019 teremos essa conversa”.
 
Para incrementar o número de embarcações, seria preciso um aumento estruturado e constante das importações, diz ele, uma vez que é difícil que o serviço seja pago apenas pela exportação, dados os produtos exportados pelo país. E o PIB é indicador direto dos volumes na importação. Apesar do crescimento de 19% das importações no primeiro trimestre, muito por conta da Copa do Mundo, o executivo afirma que isso não deve se sustentar, até por causa da alta do dólar, que encarece as compras.
 
Outra opção seria as cargas nacionais absorverem o impacto de aumentos no frete. “Estamos estimando apenas 1,3% de aumento na exportação muito mais porque não existe espaço físico no navio e a pauta das nossas commodities não necessariamente pode pagar preço adicional que justificaria mais navios. As que podem pagar mais acabam pegando o espaço. O algodão é um bom exemplo”. De acordo com Momesso, a alta mencionada gira em torno de 0,1% do valor da carga, então, em um momento de valorização do dólar frente ao Real, poderia ser uma oportunidade para exportadores.

Algodão
 
Com expectativas de que a safra 2018-2019 de algodão cresça 20% em relação à atual, os embarques precisarão ser ainda mais espalhados durante o ano para que toda a produção possa ser exportada. De acordo com Momesso, a empresa vem conversando com os clientes para que eles se planejem e a empresa possa garantir o espaço nos navios. “Eles conseguiram discutir isso com os importadores, então, dessa forma, se muda a expectativa de quando esse algodão vai ser exportado e a cadeia inteira consegue se planejar”.
 
No primeiro trimestre de 2018, as vendas externas de algodão avançaram 128% ante o mesmo período de 2017. “Esse é um volume que teria sido exportado no último trimestre de 2017, mas como os navios estavam cheios, acabou vindo para 2018”.