Qual é o caminho para produzir mais soja em uma mesma área? Este foi o questionamento que levou Gustavo Paes Corazza, produtor em São Jorge do Ivaí (PR), a investir em práticas conservacionistas em sua propriedade. Não apenas o plantio direto, que já é feito há mais de 30 anos na fazenda, mas a adesão de um conjunto de manejos no pré-plantio o ajudou a melhorar o perfil biológico do solo e aumentar a produtividade da oleaginosa em alguns talhões para quase 9,5% acima da média da fazenda na última safra 21/22.
Corazza faz parte da 3ª geração da família, que cultiva 500 hectares de soja (verão) e 450 hectares de milho (inverno). Com o foco em aumentar a produtividade de forma sustentável, ele buscou intensificar nos últimos cinco anos o acúmulo de matéria orgânica, quando começou a consorciar a braquiária com o milho. Há três anos, decidiu direcionar a lavoura do grão à alta produtividade, diminuindo a área de milho safrinha para poder fazer rotação de cultura.
“Além de plantar a braquiária, comecei a usar mix de plantas de coberturas, que servem de adubação verde e ciclagem de nutrientes”, explica. O desafio era corrigir o solo para uma agricultura mais moderna, pensando na parte biológica e física, e tornando a lavoura mais resiliente às alterações no clima, cada vez mais instável na região.
“Em alguns dos nossos talhões, nosso recorde de produtividade no milho safrinha era de 139 sacas por hectare em 2019. Neste ano alcançamos 164 sacas por hectare, depois de três anos de bom desenvolvimento da braquiária consorciada com o milho nesse talhão”, acrescenta.
Matéria orgânica no solo traz ganhos já a curto prazo
Em 2020, Corazza entrou no PRO Carbono, programa da Bayer voltado a agricultores dispostos a ampliar seu potencial produtivo e aumentar o sequestro de carbono no solo a partir da intensificação de práticas agronômicas sustentáveis.
Assim, o produtor intensificou as práticas já adotadas com foco no aumento de matéria orgânica no solo, investindo em agricultura de precisão, aprimorando por meio de análises e recomendações o consórcio e a rotação de cultura na fazenda, com o apoio de uma consultoria oferecida pelo projeto.
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Com isso, notou que no começo do desenvolvimento das culturas, especialmente no milho onde há consórcio com braquiária, a diferença é visível entre as áreas em que há adoção de práticas agronômicas conservacionistas.
Com a adoção de braquiária e mix de cobertura, a melhora na qualidade do solo e o aumento de produtividade foram visíveis na propriedade já nos primeiros anos. “Decidimos investir em matéria orgânica, porque isso é hoje um dos principais fatores de aumento de produtividade na lavoura. Foi aí que decidimos lançar mão de técnicas pensadas a longo prazo, mas que já mostram resultados no ano seguinte”, explica o produtor.
“No período de 2017 a 2020, algumas áreas nossas sempre ficavam abaixo da produtividade média de soja da fazenda, mas em 2021, conseguimos ficar 9,5% acima da média depois de dois invernos plantando mix de cobertura”, complementa.
O manejo gera um microclima diferenciado. “Onde tem braquiária, a temperatura do solo é amena, porque a palhada mantém o solo úmido e evita a evaporação da água”, acrescenta. Outro ganho é na parte interna do solo, uma vez que a braquiária tem a capacidade de aumentar a matéria orgânica abaixo da superfície por possuir raízes profundas, que aeram o solo e ajudam a infiltrar a água da chuva.
“Isso é importante porque nosso solo é argiloso e tende a ficar compactado. No talhão que fazemos mix de cobertura, há maior ciclagem de nutrientes, o que resulta num grão com peso maior durante a colheita. No pré-plantio sofremos uma menor pressão de ervas daninhas”, afirma.