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23º Encontro de Tecnologias foca cooperativismo e sustentabilidade nesta segunda

21 março 2010 - 00h00

O Sindicato Rural de Campo Grande realizará no dia 22 de março o 23º Encontro de Tecnologias, que faz parte da programação da 72ª Expogrande (18 a 28 de março). E, desta vez, o produtor vai conhecer melhor como funciona o mercado internacional, como podem se unir para fazer frente às fusões dos grandes frigoríficos, e ainda como a comercialização do gado gordo pode ser completamente transformada no Brasil com operações na Bolsa Brasileira de Mercadorias.

No Brasil, 57% do que é produzido no campo vem de cooperativas, mas na hora de exportar essa produção o que sai daqui pelas mãos dos cooperados é menos de 2%, ou seja, quando o assunto é mercado externo quem comanda são os atravessadores. “Quando a gente olha para esses números e percebe a desproporção, fica claro que está ganhando mais, é não é o associado”, atenta Márcio Portocarrero, secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, um dos palestrantes do encontro.

O secretário reconhece que, a maior parte dos cooperados e dos administradores de cooperativas não têm o conhecimento necessário para atuar no comércio internacional, no entanto, ele destaca que existem maneira de se superar essa barreira e obter os ganhos a mais que essa operação rendem. “Você pode formar um pool de exportadores reunindo várias cooperativas e, dessa, cada um pagando um pouco, contratar o melhor profissional do ramo que existe”, argumenta.

Outro campo que é muito interessante para o pecuarista é a possibilidade de vender o gado através da Bolsa de Valores, o que traz a garantia de recebimento. No ano passado, com o fechamento de vários frigoríficos, milhares de criadores ainda estão sem receber pelo gado vendido. “São operações que, além da segurança, vão trazer mais liquidez para quem usar o sistema”, garante Edilson Alcântara, diretor executivo e de novos produtos da Bolsa Brasileira de Mercadorias. Conforme Alcântara, há três formas básicas de se fechar o negócio.

Primeiro seria o frigorífico paga 90% do valor da compra dentro da conta de liquidação da Bolsa, a qual, depois do abate dos animais, com a apresentação do romaneio de entrega emitido pelo frigorífico, paga o pecuarista. A segunda forma e seria a indústria e o criador fazer a comercialização direta, através de leilão, e registrá-la na Bolsa.

Ou ainda o frigorífico participaria de um leilão na bolsa, ele organizaria sua escala e, dois dias antes de ir pegar os animais na fazenda faria o deposito de 90% do total na conta de liquidação, a Bolsa emite uma autorização de entrega para o produtor, ele acompanha o abate; como romaneio de entrega na mão ele recebe o dinheiro. “A diferença de 10%, quando é em favor do frigorífico a Bolsa devolve o dinheiro, quando em favor do pecuarista ele tem de acertar com a indústria por fora”, detalha. Outra palestra vai tratar da criação de uma cooperativa de pecuarista.

A ideia é fazer com que os produtores tenham o controle de toda a cadeia da carne, dessa forma conseguir melhores preços pela arroba e oferecer um carne de qualidade. “Mas o pecuarista tem de parar de se fechar na fazenda e ficar, individualmente, lutando contra o mundo. Na cooperativa ele atravessa a porteira e participa ativamente do mercado”, diz Edio Sander, presidente da Cooperaliança (Guarapuava, Paraná), onde essa união já dura mais de 12 anos e é um sucesso.

“Hoje, só não vendemos mais porque não temos”, acrescenta. O debate sobre a sustentabilidade na cadeia produtiva de carne bovina ganha cada vez mais força. Os integrantes desta cadeia - em especial os pecuaristas – precisam aprofundar seus conhecimentos de modo a se antecipar aos impactos que a nova organização da produção vai determinar no gerenciamento das propriedades rurais, de agora em diante.

Para tal, é fundamental que tenham acesso a informações operacionais sobre as exigências ambientais e sociais que a pecuária brasileira terá que atender em resposta às demandas da indústria frigorífica, das redes varejistas e dos próprios consumidores.

Em sua palestra no dia 22 de março o economista e consultor da AgroBrasConsult Jean-Yves Carfantan falará a respeito de como os produtores de carne devem se preparar para implementar as necessárias adaptações em suas empresas rurais de modo que o imperativo da sustentabilidade efetivamente contribua para o aprimoramento da rentabilidade de seus negócios.