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Crise global diminui custos da pecuária, mas a arroba do boi desvaloriza ainda mais

25 fevereiro 2010 - 00h00Por Jornal Folha do Fazendeiro

No acumulado de 2009 (janeiro a dezembro), os custos de produção da pecuária de corte caíram, conforme pesquisa realizada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Essa queda esteve atrelada ao desaquecimento mundial da demanda por insumos (petróleo, fertilizantes, adubos, etc.), por conta da crise financeira internacional no final de 2008 e início de 2009. Entre janeiro e dezembro de 2009, o Custo Operacional Efetivo (COE) recuou 3,7%, considerando a média Brasil (GO, MT, MS, PA, RO, RS, MG, PR, TO e SP).

Quanto ao Custo Operacional Total (COT), houve baixa de 3,4% no mesmo período. Apesar dessa redução, a arroba do boi gordo desvalorizou ainda mais de janeiro para dezembro de 2009: 7,28%, desanimando produtores consultados pelo Cepea.

A crise internacional e o regime de chuvas atípico em 2009 aumentaram a complexidade das decisões no mercado pecuário nacional, principalmente do produtor. Conforme pesquisadores do Cepea, com a escassez de crédito, caiu a demanda externa por carne e também as possibilidades de empresas financiarem a produção e novos investimentos.

Quanto às chuvas, vieram em excesso em boa parte da região Centro-Sul, aliviando a estiagem típica de meados do ano, mas, por vezes, forçando a entrega de lotes de confinados em momentos não programados.

A maior insatisfação com o desempenho em 2009 é notoriamente do pecuarista que, mesmo em entressafra, enfrentou fortes pressões do segmento industrial, não conseguindo remuneração pretendida para recuperar as margens diminuídas pelos altos custos de 2008.

Suplementação

A suplementação mineral, depois de ser marcada como a vilã em 2007 e 2008, foi o insumo que mais influenciou as quedas dos custos de produção da pecuária de corte em 2009. Isso porque a suplementação mineral corresponde, em média, com 22% dos gastos. No acumulado de 2009, o insumo registrou queda de 26,56%, ao passo que, em 2007, houve aumento de 12,75% e em 2008, de expressivos 91,51%.

Na seqüência, os insumos que mais desvalorizaram no acumulado de 2009 foram Adubos e Corretivos, que caiu 14,88%, e Compra de animais para reposição, que recuou 5,35%. Entre os estados considerados nesta pesquisa, as maiores quedas no Custo Operacional Efetivo (COE) no acumulado de 2009 foram verificadas em Goiás (-9,13%), Pará (-8,62%) e Paraná (-8,2%) e Mato Grosso (-7,56%). Os preço pagos pelo boi gordo, no entanto, caíram com mais força.

Em Goiás, a arroba registrou desvalorização de 9,21% entre janeiro e dezembro de 2009. Em Minas Gerais o recuo foi de 9,85% nas cotações do boi, em Mato Grosso do Sul, de 8,92%, e, em São Paulo, de 8,7%. Por outro lado, alguns itens da cesta de custo de produção considerados pelo Cepea registraram altas no acumulado de 2009, como Sementes, Mão-de-obra e insumos para reprodução animal. A maior variação positiva, de 17,4%, foi registrada pelo item Sementes Forrageiras, devido à maior demanda pelo insumo para a formação ou recuperação dos pastos.

A renovação das pastagens indica que pecuaristas estão esperando por um ciclo melhor da cadeira produtiva, investindo em ganhos de produtividade. O item Mão-de-obra subiu 11,7%, por conta do aumento do salário mínimo. Para Máquinas e implementos agrícolas houve alta de 7,8% entre janeiro e dezembro de 2009. Especificamente de novembro para dezembro de 2009, foi observado aumento nos custos de produção, considerando a média dos estados pesquisados pelo Cepea.

O COE teve alta de 1,22%, enquanto que a arroba do boi gordo desvalorizou 0,65% no período.