Contestado por governos estaduais como do Mato Grosso do Sul, a proposta do Executivo federal que veta a expansão da monocultura de cana e a instalação de usinas na Amazônia, Pantanal e Bacia do Alto Paraguai não define restrições para as usinas já existentes, nem para novos projetos que tenham obtido licença ambiental até 17 de setembro deste ano nas áreas de exceção .
A informação consta no estudo "O zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar - Análise dos avanços e das lacunas do projeto oficial", lançado pelo Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis da Ong Repórter Brasil.
Para a Ong, o Zoneamento Agroecológico do governo federal também peca ao não incorporar possíveis impactos indiretos da expansão da cana. A expectativa do governo federal é que as lavouras de cana, que hoje ocupam 7,8 milhões de hectares, dobrem de área até 2017.
“O alastramento dos canaviais, ainda que nas áreas consideradas aptas, deslocará outras atividades agrícolas e pecuárias para as áreas de exceção do zoneamento (Amazônia, Pantanal e Bacia do Alto Paraguai)”, diz trecho do estudo. "Além disso, não há garantias reais de que os demais biomas estejam protegidos do desmatamento e da contaminação por agrotóxicos, a exemplo do Cerrado, área de grande diversidade biológica, mas ainda pouco protegida", continua.
Para a Ong Repórter Brasil, “o ZAE da Cana-de-Açúcar não deve arrefecer o ímpeto dos governos estaduais pela liberação de usinas no entorno do Pantanal”.
Em entrevista ao site da Ong Repórter Brasil, o fundador e diretor executivo da Ecoa, biólogo Alcides Faria, diz que há muitos anos tenta-se abrir a Bacia do Alto Paraguai para empreendimentos da área do etanol e do açúcar e explica que o risco está relacionado com a característica do Pantanal.
Os cursos d`água que inundam a maior planíce alagável do planeta nascem na parte alta da Bacia. "Tudo o que fizerem a 500 ou 600 metros de altitude vai atingir o Pantanal lá embaixo", afirma Alcides.