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Entrevista | FRANCISCO MAIA, presidente da Acrissul

"Temos um setor rural forte, maior do que qualquer crise"

02 outubro 2009 - 00h00

Em entrevista à Folha do Fazendeiro, Francisco Maia, presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) desenha o tamanho do desafio que foi assumir a entidade, as conquistas recentes, e sobre o desafio maior – a realização da 1ª Expo MS – O Encontro do Agronegócio, uma feira que já nasce batendo três recordes: de número de leilões, de número de palestras técnicas e de número de shows regionais num único evento. Para o presidente, a liquidez total contabilizada nos leilões é uma resposta que o mercado está estável, comprador, e que o pecuarista está pronto para voltar a investir em melhoramento. Leia a seguir a entrevista na íntegra:

FOLHA DO FAZENDEIRO – Chico Maia, o estatuto da Acrissul obriga a entidade a realizar duas feiras por ano. Assim, além da Expogrande, era realizada a Feira de reprodutores, que se resumia apenas a leilões. Como surgiu a inspiração de se promover uma feira do porte com as características da Expo MS?

FRANCISCO MAIA – Tem uma música que diz que o quê movimenta é desejo, vontade e necessidade. Tínhamos a necessidade de movimentar nossas finanças, o desejo de alavancar o agronegócio e a vontade de empreender, realizar um evento que deixasse a atividade no patamar da importância que tem. Então estes três fatores contribuíram para que nós, durante a semana de aniversario do nosso Estado, mostrássemos a força e a pujança do agronegócio de MS.

 

P – Você falou em finanças, como está essa questão aqui na Acrissul?

R – Recebemos a entidade em uma situação financeira complicada. Mas, já conseguimos negociar e pagar algo em torno de R$ 1,8 milhão nestes cem dias, a entidade tem todas as certidões negativas de débito, coisa que não acontecia há mais de 15 anos. As questões de dívidas estão todas equacionadas. Em fim, acredito que avançamos muito e podemos dizer que vamos sair dessa feira com a situação financeira da Acrissul bem favorável.

 

P – Em comparação com as outras feiras, qual a diferença da Expo MS?

R – A Expo MS envolve todas as cadeias do agronegócio, não tem pecuária como a estrela maior. É uma feira mais diversificada, onde nós teremos as 14 cadeias produtivas. E sobretudo, estamos dando uma ênfase muito grande às palestras. Nós entendemos que ganho de produtividade só acontece com informação e conhecimento. A Expogrande é uma feira mais voltada para a pecuária, e nos iremos internacionalizá-la. E nosso desejo é de que, durante esse evento, possamos ter a pecuária do Paraguai, da Bolívia, da Argentina. Para mostramos para ao Mercosul (Mercado Comum do Sul), que somos o Estado mais importante na produção de alimentos, que somos importantes estrategicamente, que Campo Grande está bem posicionada em relação aos outros países do Mercosul. E vamos fazer a maior Expogrande de todos os tempos.

 

P – Com relação a está internacionalização, não é simplesmente convidar os países para estarem aqui, tem a questão sanitária. Isso já foi acertado com governo federal?

R – Já conversamos com o ministro [Reinold Stephanes da Agricultura Pecuária e Abastecimento] há algum tempo, mas, naturalmente, estas conversas vão ter de ser intensificadas agora. Iremos ver qual são as precauções e cuidados que tem se de ter. Para nós é extremamente importante uma feira internacional aqui.

 

P – Voltando a falar da Expo MS, quais são as reformas e melhorias que o Parque de Exposições está recebendo?

R – Nós recapeamos todo o parque. Estamos reformando o prédio da Iagro (Agência Estadual e Defesa Sanitária Animal e Vegetal) e, de hoje a 30 dias teremos o Iagro de volta. Construímos um reservatório de 300 mil litros, estamos reformando os banheiros, dezenas deles, e os pavilhões. São mais de R$ 1 milhão em obras de infra-estrutura para a realização deste evento.

 

P – Sobre as palestras, como você vê a inserção desta feira dentro da comunidade cientifica regional?

R – Entendo que é extremamente importante essa interação do produtor com a Ciência. Se nós alcançamos um nível de excelência na produção de carne é porque isso veio aliado ao trabalho da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), cientistas e universidades, com toda esta gama de conhecimento. O nosso produtor rural é um homem exigente, com um bom grau de formação universitária, e isso faz com que a feira tenha de ter caráter mais forte no conhecimento. Para isso nos montamos três tendas, onde em cada uma delas haverá as palestras.

 

P – A participação de vários municípios do interior, além da própria Assomassul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul) e outras entidades que nunca haviam participado de exposições agropecuárias aqui no parque, faz da Expo MS, em sua primeira edição, uma feira regional?

R – A Assomassul está mobilizando os municípios. E a prefeitura de Três Lagoas, que é uma cidade que pulsa muito forte na economia do Estado, estará aqui. O município é hoje o maior pólo de silvicultura do país, com uma indústria de papel muito importante. Então, a presença de Três Lagoas, expondo suas riquezas, vai mostrar ao campo-grandense a força do nosso Estado. Campo Grande já é uma cidade maravilhosa, mas, às vezes o cidadão que mora aqui, não tem noção do que está acontecendo no restante do Estado. Então eu acredito que a participação de todos os municípios vai ser muito positiva. Lamentavelmente a Secretaria de Agronegócio de Campo Grande não vai estar presente.

 

P – Em sua primeira edição a Expo MS já bate recorde de leilões em um único evento, coincidentemente na estação de monta, isso é uma resposta do mercado de que estamos vivendo um período de recuperação da pecuária?

R – A pecuária aqui é muito forte, maior que qualquer crise. E essa feira que já começa com 33 leilões e que, segundo os leiloeiros, tem a possibilidade de comercializar 15 mil cabeças de gado de corte, mostra o grande diferencial com relação as outras feiras do Brasil. Porque as outras mostram mais o gado de elite, aqui, é a força do gado de corte, da produção do homem do campo. Nós teremos credito à vontade, o Banco do Brasil vai vir com linhas para impulsionar os negócios. E a questão do início da estação de monta favorece a comercialização de touros. O preço do bezerro está bom, os frigoríficos nós vemos que já estão empregando e a arroba teve uma pequena reação. Uma coisa é certa, com crise ou sem, as exposições da Acrissul sempre surpreendem.

 

P – Os leilões já começaram, portanto, qual é a analise que você faz da feira com base nestas primeiras negociações?

R – Cem por cento de venda, o gado de corte está com um preço bom, os touros estão em um preço acima de média, porque o produtor deixou de comprar cabeceira de boiada, está comprando melhoradores, que transmitam as qualidades genéticas. E, aqui nós temos fartura deste produto. A média de negociação está em R$ 5 mil, ou seja bom para o momento.

 

P – E sobre as atrações culturais? Por que a Acrissul focou nas atrações regionais?

R – Teremos shows com artistas regionais, valorizando os talentos da terra. Somos um celeiro de jovens talentosos, tanto é que agora nós temos dois sul-mato-grossenses disputando o Gremmy Latino, em Las Vegas. Isso demonstra que o resultado dessa cruza de raças aqui na fronteira tem uma vocação musical muito forte. Mato Grosso do Sul está virando a Bahia da música sertaneja. Nossa expectativa é atrair 200 mil visitantes durante os 11 dias de feira. E o preço, durante o dia é livre, à noite será cobrado apenas R$ 5,00 e R$ 2,50 para estudante com carteirinha válida.