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Situação da JBS deve abrir espaço para outras empresas, diz Jardim

02 junho 2017 - 14h48Por Revista Globo Rural

A situação da JBS depois das delações à Justiça pode levar a um aumento da participação de outros agentes no mercado de carne bovina. A avaliação foi feita pelo secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim.

“A primeira consequência deve ser a emergência de frigoríficos de abrangência regional. Tínhamos visto uma grande concentração, e acho que a situação da JBS abre espaço para outras forças”, disse Jardim, em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira (1/6) durante o Seminário Perspectivas para o Agribusiness 2017 e 2018, promovido pela B3, na capital paulista.

Com a maior das processadoras de carne do país enfrentando pendências judiciais, o mercado vive uma incerteza. Em Mato Grosso, onde está o maior rebanho do Brasil e a JBS responde por praticamente metade dos abates, pecuaristas querem incentivo tributário para abate de bovinos fora do Estado. E o governo estadual estuda formas de aumentar a concorrência na indústria.

São Paulo detém em torno de 5% do rebanho comercial no Brasil, lembrou o secretário de Agricultura. No entanto, o Estado é um importante “abatedouro”, responsável por 24% do processamento no Brasil, principalmente de carne bovina destinada à exportação.

Questionado sobre eventual apoio ao setor pelo governo paulista, Arnaldo Jardim disse que, pelo menos até o momento, não vê necessidade de mudanças tributárias. Segundo ele, as medidas passam por fortalecimento do sistema de inspeção sanitária do Estado, além de iniciativas de exposição e promoção de produtos.

“Todas as linhas de crédito do governo do Estado são mantidas para permitir um apoio ao capital de giro das empresas. Isso tem tido uma repercussão positiva na avicultura e deve se desdobrar na bovinocultura”, acrescentou Jardim, referindo-se ao Desenvolve SP, a agência paulista de fomento.

O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, reconheceu que há uma preocupação grande com a situação da JBS. E avaliou que é preciso tomar cuidado para separar a questão política e a econômica.

“As investigações devem ser feitas, mas temos que cuidar da produção. Queira ou não, a JBS tem um mercado muito forte de exportação de proteína animal. É preciso cuidar para não estourar a empresa, talvez trocar o comando, mas ter cautela nessa discussão”, disse Geller.

Mudança estrutural

Também durante o seminário, a sócia da Tendências Consultoria Amaryllis Romano avaliou que ainda não é possível saber que efeito a situação da JBS pode ter sobre a cadeia produtiva da carne bovina. De qualquer forma, ela acredita que o setor terá que passar pelo que chamou de mudança estrutural de mercado.

“Vai ter que mudar a forma de produção desse setor no Brasil, com participação maior de insumo que não seja pasto, gado extensivo. E isso traz uma questão relevante em termos de custos de produção desse setor”, disse Amaryllis.

Sobre o momento atual, ela afimou que o mercado interno não está tão favorável para a carne bovina, apesar da relativa melhora do poder de compra dos brasileiros. O produto está começando a se tornar caro para o orçamento das famílias, além da concorrência com as carnes suína e de frango estar mais acirrada.

Já o mercado externo traz uma expectativa mais favorável. A sócia da Tendências Consultoria lembra, inclusive, que as vendas de carne bovina para o exterior são um fator importante para regular a formação dos preços praticados no mercado doméstico.