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Sistema silvipastoril melhora produção de carne

06 outubro 2009 - 00h00

A associação entre pasto e floresta parece ser algo que não dá certo, mas estudos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Gado de Corte, em Campo Grande, mostram que esta combinação pode ser perfeitamente possível, e mais, lucrativa.

“Estudo realizado pela Universidade Federal de Viçosa, mostra que houve um ganho de até 30% com o gado submetido ao sistema silvipastoril”, diz Valdemir Antônio Laura, pesquisador da Embrapa, que ministrou a palestra sobre o tema, na manhã de hoje durante a 1ª Expo MS.

Um dos motivos que ele aponta para este aumento de rentabilidade é o conforto térmico que as árvores proporcionam ao rebanho. Segundo ele, as raças zebuínas produzem bem entre 10°C e 27ºC, porém, no cerrado, durante grande parte do ano as temperaturas ultrapassam os 30°C. “Se o animal está bem, em baixo de uma sombra, ele come mais, rumina mais, tem um aproveitamento melhor dos nutrientes e maior taxa de fertilidade”, destaca.

Além dos benefícios para o rebanho, o produtor também terá mais uma opção de renda com as árvores, que podem ser utilizadas para fabricação de carvão, postes ou até de tábuas, dependendo da idade do corte. “Mas o foco tem de ser o gado”, frisa Laura.

Ao contrário do que muitas pessoas possam pensar, a plantação de uma floresta não prejudica a pastagem, isso porque o espaçamento entre as linhas de árvore permite o pleno desenvolvimento do pasto.

“Produtores que usa o sistema dizem que colocam de 10 a 15% mais amimais por hectare”. Laura diz ainda outra vantagem é que a pastagem fica até um mês por ano mais viçosa do que a exposta diretamente ao sol. “Em agosto, observamos que onde há o consórcio o alimento do gado está mais verde do quem em outras áreas”, detalha.

Como é feito – O sistema é ideal para quem precisa reformar a pastagem. Com o plantio 500 árvores por hectare, em espaçamento 10m X 2m, não há nenhuma perda de massa verde que vai alimentar o gado. No primeiro ano, é claro que o produtor não vai colocar os aminais, pois eles destruiriam os eucaliptos –espécie estuda pela Embrapa.

A opção para não deixar de ter uma renda é plantar culturas como: sorgo, milho, soja ou arroz. A distancia entre as linhas vai ser determinado pelo tamanho do maquinário disponível na propriedade, sempre pensando que tem de haver espaço para a colhedeira manobrar com tranquilidade.

Depois do primeiro ano, quanto as árvores já estão com cerca de 2,5 metros, semeia-se a pastagem e na época certa introduz-se o gado. “Isso não é um sistema de produção é um eco-sistema de produção”, observa Laura. “Agricultura, pecuária e silvicultura harmoniosamente juntas”, completa.

Aos sete anos do plantio dos eucaliptos pode-se fazer o primeiro corte, geralmente se utiliza estas árvores para a fabricação de carvão. “O conselho é fazer o primeiro para a retirada do carvão, um segundo para escoras e o terceiro para tábuas”, diz Laura lembrando que a utilização da madeira como fonte de energia é a menos lucrativa, e compensa mais esperar e usar as árvores para fins mais nobres.

Há ainda a opção de usar a madeira dentro da própria fazenda conforme a necessidade. Quanto às espécies de eucalipto a serem plantadas, isso vai depender de seu uso no futuro, pois há aquelas que são melhor para produção de carvão, outras para celulose e outras para toras. O ideal é o produtor observar qual é a necessidade em sua região para depois decidir a espécie.