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BOI GORDO

Semana terminou com ritmo fraco nas negociações e atenções voltadas para setembro

Indústrias frigoríficas seguem pressionando as cotações; em SP, valor do macho terminado caiu R$ 15/@ no acumulado de agosto, atingindo R$ 293/@

29 agosto 2022 - 07h34Por DBO Rural

No mercado físico do boi gordo, a semana foi de novas quedas nos preços da arroba em algumas das principais praças pecuárias do Brasil. Segundo apuração realizada pela Scot Consultoria, ao longo de agosto (até 26/8), considerando a média das 32 praças pecuárias monitoradas pela empresa, o preço médio do boi gordo “comum” (sem premiação, direcionado ao mercado interno) recuou 3% ou R$ 8/@.

Nas praças do interior de São Paulo, o tombo na cotação do macho terminado foi maior: queda de R$ 15/@ no acumulado de agosto, atingindo 293/@, valor bruto, no prazo, informa a Scot. Considerando a mesma base de comparação, o boi-China, abatido com até quatro dentes e destinado ao mercado chinês registrou desvalorização de R$ 10/@, atingindo R$ 305/@ no Estado de São Paulo.

O movimento de queda nos preços da boiada gorda reflete sobretudo a falta de apetite dos frigoríficos brasileiros, que continuaram retraindo a procura pela matéria-prima na maior parte das praças pecuárias do País. “A trajetória de baixa da arroba é incomum para esta etapa do ano, marcada pelo avanço da entressafra do boi gordo (terminado a pasto) no Brasil”, relata a IHS Markit.

Segundo a consultoria, enquanto as indústrias limitam o ritmo das compras no mercado spot, as condições de pastagens degradadas e os elevados gastos com nutrição animal forçam a liquidação de animais que atingem o peso ideal para abater. Ao mesmo tempo, continua a IHS, muitas plantas frigorificas conseguiram formar escalas de abate (garantidas até o final do mês de agosto) graças aos lotes de animais oriundos de negociações de contratos a termo, contrato no qual o frigorífico “trava” o preço do boi para o pecuarista no mercado futuro.

“Importante ressaltar que o atual cenário de escalas de abate confortáveis, movimento atípico para o período, foi resultado de parcerias envolvendo animais provenientes de sistemas de confinamento”, diz a zootecnista Thayná Drugowick, analista da Scot Consultoria. Além disso, observa a IHS, algumas unidades frigorificas optaram por limitar o ritmo dos abates diários, o que reduziu ainda mais o fluxo de aquisição de animais.

Do lado de dentro das porteiras, os custos elevados com a engorda no cocho prejudicam as margens dos recriadores e invernistas, refletindo em desova de oferta de boiadas ao mercado. Nesta temporada, segundo levantamento da IHS, o valor das diárias nos boiteis subiu 40% aos pecuaristas quando comparado aos preços registrados no ano passado.

Assim, reforça a IHS, muitos produtores são forçados a liquidar rapidamente os seus lotes terminados, de modo a mitigar riscos de margens negativas. Na avaliação da IHS Markit, a retomada do movimento de alta nos preços do boi gordo depende sobretudo de uma recuperação na demanda doméstica pela carne bovina.

“A despeito do desempenho positivo das exportações brasileiras, o atual consumo interno de carne bovina não possui fôlego suficiente para absorver a produção excedente de carne bovina”, observa a IHS Markit. No acumulado das três semanas de agosto, o Brasil exportou 128,5 mil toneladas de carne bovina in natura, resultando em um volume médio diário embarcado de 8,6 mil toneladas, incremento de 3,8% frente à média diária de agosto/21.

“Caso a média diária embarcada até agora se mantenha na última semana do mês, termos um novo recorde histórico para o mês de agosto”, relata a analista Thayná Drugowick. O faturamento obtido com as exportações da proteína bovina segue crescente, estimulados pelo aquecimento dos preços internacionais. O valor pago pela tonelada do produto in natura brasileiro subiu 10% neste mês de agosto, para US$ 6.255, em relação ao valor praticado em agosto do ano passado.

Poucos negócios

Nesta sexta-feira, 26 de agosto, a Scot Consultoria detectou queda de R$ 3/@ na cotação da novilha gorda nas praças de São Paulo, para R$ 285/@ (preços brutos e a prazo). Nas mesmas regiões paulistas, o boi gordo fechou a semana com preço estável, a R$ 293/@, o mesmo comportamento registrado para a cotação da vaca gorda, mantida em R$ 274/@ (valores brutos, no prazo), de acordo com a Scot.

O boi-China, abatido mais jovem (até 30 meses de idade) está sendo negociado por R$ 305/@ no Estado de São Paulo. Segundo apuração também feita nesta sexta-feira pela IHS Markit, os grandes frigoríficos do País permaneceram ausentes das compras de boiada no mercado spot, enquanto os pecuaristas continuaram pressionados em liquidar a oferta de animais terminados, fomentando o panorama de queda na maior parte das praças pecuárias cobertas pela consultoria.

Especificamente nesta sexta-feira, a IHS registrou novos recuos no preço do boi gordo na Bahia, saindo de R$ 275/@ para R$ 270/@. “O período de estiagem no Estado baiano limita a possibilidade de os pecuaristas locais reterem o gado na propriedade de modo a galgar melhores condições de preços”, observa a IHS.

A pastagem degradada força o produtor adentar ao mercado com seus lotes de animais terminados e ceder a preços mais amenos, de forma a mitigar riscos de perda de peso e potencial produtivo da boiada, acrescenta a consultoria. “Tal conjuntura segue como a toada comum no mercado pecuário das regiões Norte e Nordeste do País”, ressaltam os analisas.

Ao longo desta semana, relata a IHS, foram apurados recuos significativos nos preços da arroba em diversas praças, com destaque para o Pará. “O fraco apetite das indústrias locais e a grande dificuldade em escoar a produção ao mercado doméstico explicam a desvalorização do gado paraense”, informa a IHS.

Ainda nesta sexta-feira, foi reportado que indústrias no Paraná já apontam primeiros sinais de dificuldade em originar animais no mercado aberto. “As liquidações realizadas ao longo do mês já enxugaram parte do rebanho paranaense, e este movimento pode ser constatado pelo comportamento das escalas de abate das indústrias locais, que não avançam significativamente nas duas últimas semanas”, relatam os analistas.

De toda forma, os preços nas praças de SP, MS, GO, MG e MT seguem pressionados a manutenção do ambiente contracionista também segue condicionada ao consumo doméstico. Por outro lado, diz a IHS, as indústrias continuam com oferta garantida, já que ainda há entregas de boi a termo, provindos por meio de parcerias com grandes boitéis e também a partir dos confinamentos próprios. No mercado atacadista da carne bovina, a demanda por reposição nos estoques de entrepostos termina a semana nos moldes que se iniciou, com procura fraca e irregular.