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Rodrigues defende mudança na fiscalização agropecuária após Carne Fraca e JBS

06 junho 2017 - 13h29Por Revista Globo Rural
Rodrigues defende mudança na fiscalização agropecuária após Carne Fraca e JBS

O coordenador do Centro de Estudo de Agronegócios da Fundação Getulio Vargas (GVAgro), o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, defendeu, após os desdobramentos da Operação Carne Fraca e o episódio das delações envolvendo a JBS, uma mudança no sistema de fiscalização agropecuária no Brasil. A proposta de Rodrigues é criar uma agência de defesa sanitária federal que estabeleça regras para a fiscalização, terceirização do processo de fiscalização e controle da fiscalização terceirizada por meio dessa agência. "Todo esse cenário negativo abre uma oportunidade de discussão profunda. O setor está pensando nisso e vai encontrar um caminho mais moderno para a questão fiscalização nos próximos meses", disse Rodrigues nesta segunda-feira, (5/6), durante a Palestra Perspectivas do Agronegócio Brasileiro, no Ciclo de Palestras da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo.

Rodrigues ressaltou, ainda, o problema de escassez de indústrias na área dos frigoríficos. "A JBS compra mais de 50% dos bois em Mato Grosso. Então a carne despencou de preço no Estado." O ex-ministro apontou que pecuaristas já têm relatado dúvidas se vão ou não confinar gado este ano, preferindo deixar o boi no pasto mais um ano, "o que é um motivo de perda, mas é uma perda que é jogada para frente". Ele elogiou a atuação do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, na diluição do impacto da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, mas ponderou que o efeito da crise da JBS pode demorar um pouco mais para ser dissipado. "O Blairo Maggi foi de uma agilidade extraordinária no episódio da Carne Fraca. Foi muito rápido, muito competente e resolveu o nosso problema de maneira bastante ágil em um momento difícil.

Com a JBS é um pouco mais complicado, deve tomar mais tempo, como todos sabemos, por alguns desdobramentos que ainda virão a ocorrer."Na palestra, Rodrigues destacou a contribuição do agronegócio para a economia brasileira, mas defendeu a necessidade de uma estratégia para o desenvolvimento do setor com articulação entre políticas públicas e privadas. Do lado das políticas públicas, ele defendeu a necessidade de fortalecimento tanto de instrumentos de garantia de renda para o produtor rural, com mudanças nos sistemas de crédito e seguro rural e preços de garantia, como em termos de políticas comerciais, com a realização de novos acordos bilaterais e negociação para abertura de mercados para produtos de maior valor agregado. "O mundo em desenvolvimento, nosso grande comprador, quer energia e proteína. Temos atendido essa demanda crescente mesmo sem uma estratégia adequada para isso."

Rodrigues destacou também o papel das reformas previdenciária, trabalhista e tributária para o avanço do setor. "É preciso reconhecer que o Brasil tem feito um esforço nos últimos meses na direção de reformas em temas essenciais que tinham sido relegados no passado recente. Essas reformas dão um cenário mais esperançoso, ou davam, até que aconteceu o episódio JBS e jogou uma série de nuvens plúmbeas no horizonte, que não sei se vão se transformar em chuva irrigadora ou chuva de pedra." Ele ressaltou, entretanto, a importância de uma "safra agrícola absolutamente espetacular" para o bom resultado do agronegócio. "O aumento da safra de grãos do ano passado para este foi de 50 milhões de toneladas. Mais da metade dos países do mundo não consegue ter uma safra do tamanho do aumento da nossa safra", enalteceu.