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FINANÇAS

Real conversível e digital? O que podemos esperar

A história do real nos revela uma tentativa de combater a inflação após várias experiências malsucedidas

19 julho 2022 - 06h51Por Divulgação

A conversibilidade é a característica da moeda que é facilmente trocada por outra. Quando um país apresenta estabilidade econômica, também consegue capturar a confiança da sociedade e, principalmente, do mercado financeiro internacional. Desse ponto em diante, sua moeda pode ser vista como um bom negócio no mercado de câmbio. Ou seja, ela passa a ser conversível. Sem restrições em âmbito global e livremente aceita em outros países.

Hoje, pelo menos enquanto escrevo esse texto, esse atributo não se aplica ao Real. Ainda que o Brasil seja considerado um país moderno, com mercado financeiro e sistema bancário bem estabelecidos, a percepção internacional é de que, por aqui, há pouca constância jurisdicional e de que o Real é uma moeda ainda nova.

Breve contexto histórico

De fato, quando comparada ao dólar norte-americano e aos conversíveis em geral, o real é quase uma criança. Quem nasceu no final dos anos 1990 não acompanhou os desdobramentos da troca de moeda no Brasil, que afetou não só a economia, mas a vida cotidiana das famílias brasileiras. A implantação do Plano Real, em 1994, buscava equilibrar a inflação no período e iniciar um novo ciclo de desenvolvimento econômico.

A história do real nos revela uma tentativa de combater a inflação após várias experiências malsucedidas - não é demais lembrar que em 1993, a inflação chegou a bater 2.700%. O Plano Real foi um episódio importante na história do Brasil porque acabou com a inflação – momentaneamente, iniciando um novo ciclo de desenvolvimento econômico.

De volta a 2021, o Banco Central já deu sinais concretos de que trabalha para que os tempos de índices positivos voltem a ser uma realidade e, desta vez, mais duradoura. Em um esforço para reduzir o custo de transações e investimentos internacionais, a intenção é de que o real se torne uma moeda conversível, quiçá digital, em dois ou três anos.

Poucos meses atrás, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que a autoridade monetária irá propor alterações à legislação cambial num futuro próximo. Nessa mesma ocasião, ele citou uma série de propostas para simplificar a regulamentação e tornar os mercados financeiros mais flexíveis e acessíveis. Mas isso é tema para uma nova dissertação.

A agenda de reformas apresentada por Campos Neto promete aumentar o crédito para pequenas empresas e agricultores, aumentar a transparência financeira, aprimorar a supervisão financeira digital, melhorar a comunicação com investidores estrangeiros e educar os brasileiros. Tudo isso ajudaria a tornar mais fácil e barato fazer negócios no Brasil.

À esta altura, valem algumas ponderações. Uma moeda conversível abre o potencial para uma estabilidade econômica e financeira muito maior. Como o Brasil representa uma grande parte do PIB da América Latina, há uma grande demanda dos países vizinhos por contas em reais aqui. As barreiras financeiras, a burocracia e os custos dos negócios no País são muito altos e devem ser reduzidos para que possamos competir em um mundo de cadeias produtivas globais.

Porém, a força de uma moeda também está muito atrelada à internacionalização. O real, aliás, não precisa ser plenamente conversível para ser internacional - principalmente, quando assumimos que, apesar de complementares, são conceitos diferentes. A internacionalização é um processo liderado pelo mercado e diz respeito à importância efetiva de uma moeda no mercado global.

No caso do real, medidas que ampliem sua aceitação no exterior teriam de caminhar lado a lado com as mudanças legislativas que a conversibilidade exige. O que precisamos encarar é o fato de que uma moeda ser conversível não assegura que será amplamente transacionada internacionalmente. Sob a perspectiva de um banco de câmbio como o Travelex Bank, que se preocupa em garantir soluções de forma customizada e totalmente simplificada, acompanhamos as tomadas de decisão do Banco Central com extrema curiosidade e atenção. Os próximos passos têm potencial para gerar um grande impacto na vida de todos os brasileiros.