O Censo Agropecuário 2006, divulgado hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), revelou que 20,7% dos 64,8 mil produtores rurais de Mato Grosso do Sul utilizaram agrotóxico. A maioria não teve assistência técnica para aplicar os produtos.
Conforme o levantamento, 51.373 (79,2%) produtores não utilizaram agrotóxico em Mato Grosso do Sul. Desde total, 11.403 (17,58%) utilizaram o produto e 2.086 (3,2%) não precisavam aplicar, mas recorreram à aplicação do produto em 2006.
A maior parte dos proprietários dos imóveis não aplicou agrotóxico. Somente 15,92% (7.778) aplicaram agrotóxico na área em que são donos. Outros 1.410 (2,88%) aplicaram, mesmo não sendo necessário.
Arrendatários -O uso de defensivos agrícolas é maior entre os arrendatários. De acordo com o IBGE, 44,9% dos 2.974 arrendatários utilizaram agrotóxico no Estado, contra 53,2% que não fizeram a aplicação. Já entre os 11.494 assentados sem titulação, 17,38% aplicaram agrotóxico.
Dos 13,4 mil que aplicaram agrotóxico no Estado, 42,89% não tiveram assistência técnica especializada. Outros 26% tiveram ajuda ocasional de especialistas.
A maior parte dos produtores rurais, 5.969 (44%) recorreram a tração mecânica ou animal para a aplicação do agrotóxico no Estado. Mas é significativo, 33,9% (4.584), o número de proprietários rurais que utilizaram a pulverização costal. 2% usaram aeronaves.
Destino – Cerca de 17% dos produtores (2.295) queimaram ou enterraram as embalagens de agrotóxicos, não dando a destinação considerada correta. Apenas 3.978 (29,5%) devolveram a embalagem ao comerciante.
Mas outros 3.071 (22,7%) devolveram as embalagens nos postos de coleta instalados pelas prefeituras e governos estaduais.
Apenas 18% dos produtores não usaram equipamentos de proteção individual para a aplicação do inseticida na lavoura.
País - Os estabelecimentos dirigidos há 10 anos ou mais pelo mesmo produtor (3,16 milhão ou 61,1%) são os que mais utilizam agrotóxicos (922 mil ou 66,1%). E à medida que aumenta o número de anos que o produtor dirige o estabelecimento, aumenta também o número de estabelecimentos que usam agrotóxicos.
Há também pouca rotação de culturas entre os estabelecimentos (641 mil ou 12,4%), principalmente se considerarmos que mais da metade deles não recebem assistência técnica para a aplicação desta prática (351 mil ou 54,9%). Práticas alternativas, como controle biológico (67 mil ou 1,3%), queima de resíduos agrícolas e de restos de cultura (45 mil ou 0,9%), uso de repelentes, caldas, iscas, etc. (405 mil ou 7,8%), que poderiam gerar redução no uso de agrotóxicos, também são pouco utilizadas.
Nos estabelecimentos onde houve aplicação de agrotóxicos, 77,6% dos responsáveis (1,06 milhão) pela direção declararam ter ensino fundamental incompleto (1° grau) ou nível de instrução menor. Como as orientações de uso de agrotóxicos que acompanham estes produtos são de difícil entendimento, o baixo nível de escolaridade, incluindo os 15,7% que não sabem ler e escrever (216 mil) está entre os fatores socioeconômicos que potencializam o risco de intoxicação.