Nesta terça-feira (4/10), boa parte da ponta compradora continuou fora das compras de boiadas gordas, resultando em mais um dia de estabilidade nas principais praças brasileiras. No interior de São Paulo, segundo apuração da Scot Consultoria, o boi gordo segue cotado em R$ 280/@, enquanto a vaca e a novilha gordas são negociadas, respectivamente, por R$ 267/@ e R$ 278/@ (preços brutos e a prazo).
A referência para o boi-China (abatido mais jovem, com até 30 meses de idade) é de R$ 290/@ no mercado paulista, “mas, diante da forte pressão impostos por alguns frigoríficos, há negócios ocorrendo abaixo deste patamar”, informa a Scot. Na avaliação da IHS Markit, de certa forma, ainda há um ambiente de preços lateralizados pela baixa liquidez no mercado do boi gordo.
“O setor, como um todo, ainda vive a expectativa em relação a um maior fluxo de escoamento da produção de carne bovina no mercado doméstico, estimulado pela recuperação da demanda no último trimestre de ano”. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) apontou que, em agosto/22, o desemprego atingiu 8,9% da população brasileira, menor patamar desde 2015.
Além disso, dizem os analistas, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) tem, semanalmente, sido revisada para cima pelo Banco Central, com estimativa de crescimento de 2,7% para 2022. “O cenário de ‘despiora’ no mercado doméstico, porém, ainda não reflete na demanda interna de carne bovina e, em meio às escalas confortáveis na ponta compradora, a pressão baixista segue no mercado do boi”, observa o zootecnista Felipe Fabbri, analista da Scot Consultoria.
Segundo ele, nas praças do interior paulista, o boi gordo que atende ao mercado interno recuou R$ 8/@ em setembro/22, enquanto o boi-China registrou desvalorização de R$ 10/@ no último mês. “A oferta de animais terminados não é enxuta, mas é confortável à necessidade da ponta compradora comparado a um passado não tão distante (2021/2020)”, relata Fabbri.
O analista da Scot lembra que, historicamente, a demanda interna por carne bovina tende a crescer nos últimos meses do ano, com um fator adicional: a Copa do Mundo, evento que pode estimular o consumo de churrasco entre os brasileiros. “Cabe agora ver se o apetite será o bastante para dar forças, novamente, aos preços no mercado do boi”, observa.