Danilo Millen é PhD em Nutrição de Ruminantes, Zootecnista e doutor pela Unesp - Crédito: DivulgaçãoNo primeiro dia do XIII SIMCORTE - Simpósio Internacional de Produção de Gado, que segue até este sábado, 25 de maio, em Viçosa, Minas Gerais, uma palestra ministrada por Danilo Millen, que é PhD em Nutrição de Ruminantes e Zootecnista, trouxe o retrato atual das recomendações nutricionais e de manejo nos confinamentos brasileiros. Esse foi o tema central da sua apresentação com base na pesquisa que coordenou na Unesp de Jaboticabal/SP.
Os números apresentados são positivos para o setor, já que a qualidade da dieta do gado brasileiro confinado para abate melhorou em diversos pontos, o que inclui a redução no uso de volumosos em 13% nos últimos 15 anos. Em 2009, quando foi divulgado o primeiro levantamento sobre o assunto, ingredientes volumosos correspondiam a 28,8% da alimentação do gado confinado. Na pesquisa divulgada agora, o percentual caiu para 15,7%.
“Esses dados também mostram a melhora do processamento dos grãos, aumento do teor de energia das dietas e melhora considerável do manejo alimentar, esse último, inclusive, é o que dá maior segurança para os nutricionistas aumentarem os teores de energia da dieta”, reforça Danilo Millen. Vale destacar também que a pesquisa aponta crescimento na inclusão de ingredientes concentrados, como grãos de cereais e coprodutos da agroindústria, considerados a principal fonte de energia para bovinos confinados, de 71,2% para 84,3% em 15 anos.
O estudo foi conduzido entre o final de 2023 e início de 2024, com 36 nutricionistas responsáveis pela alimentação de seis milhões de animais de todo o país. Este número corresponde a 85% por cento dos bois confinados do Brasil.
O levantamento sobre manejo e perfil das dietas fornecidas a bovinos em confinamento aponta também para desdobramentos benéficos para o meio ambiente com o aumento no uso de coprodutos na dieta, assim como do maior percentual da história de confinamentos brasileiros que usam algum tipo de coproduto na dieta: 92,7%.
Segundo Danilo Millen, para os próximos anos, a tendência é de aumento no uso dos resíduos da indústria do etanol do milho (DDG e WDG), assim como, maior adoção do processamento dos grãos na forma úmida. “Isso aumenta a disponibilidade de energia da dieta para os animais”, adianta o pesquisador, que também pontua: “Não vejo mudanças futuras no perfil dos animais confinados, já que somos exportadores de carne commodity.”
Outros dados positivos
A melhora nutricional das dietas dos bovinos confinados no Brasil só foi possível pela melhora, primeiramente, do manejo alimentar. Podemos citar, por exemplo, a maior adoção do uso de distribuição da dieta programada por curral, em detrimento do sistema de “bica corrida”, que não tem controle da quantidade de alimento fornecido por baia. Em 2009, mais de 50% dos confinamentos do país utilizavam “bica corrida”, mas hoje são apenas 18%.
Este levantamento com os nutricionistas de bovinos confinados do país, realizado a cada 4 anos, é sempre muito esperado pelo mercado e pela indústria de nutrição animal. A escolha do Simcorte para o lançamento oficial teve como base a magnitude e o alcance do evento, já que este reúne diversos elos do mercado de bovinocultura de corte, além de ser transmitido ao vivo para todo o país.
“Hoje o Simcorte é, sem dúvidas, o maior evento acadêmico do país na área de bovinocultura de corte. E quando digo acadêmico, é porque é realizado dentro do campus universitário. E como é bom ter a oportunidade de apresentar os números dessa pesquisa aos técnicos do mercado, produtores rurais e, também, da indústria de nutrição animal do país, tendo a oportunidade de engajar jovens e futuros profissionais de ciências agrárias em resolver problemas reais dos sistemas de produção de bovinos de corte”, finaliza Danilo Millen.
Sobre o pesquisador
Danilo Millen é PhD em Nutrição de Ruminantes, Zootecnista e doutor pela Unesp, com mais de 15 anos de experiência. É autor do livro “Rumenologia - Uma viagem ao fantástico mundo do rúmen” e professor da Unesp-Jaboticabal em cursos de graduação e pós-graduação em Zootecnia e Ciência Animal. Danilo também é consultor técnico com foco em nutrição e formulação de dietas para bovinos de corte, reconhecido como uma das maiores autoridades em nutrição animal do Brasil; além de host do Canal de Rumenologia no YouTube.
Foi pesquisador visitante na Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, e na Universidade Autônoma de Barcelona, Espanha. Orientou mais de 15 dissertações de mestrado e teses de doutorado, além de mais de 100 alunos em projetos de iniciação científica.
