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Pesquisa da Embrapa mostra uso sustentável de lodo de esgoto para aumentar produtividade no campo

29 março 2018 - 14h29Por Equipe SNA Rio

No mês em que o mundo se volta para discussões do uso mais racional e sustentável dos recursos hídricos, uma pesquisa da Embrapa mostra que é possível combinar aumento de produtividade no campo com utilização de rejeitos. Após três anos de estudos, pesquisadores chegaram a excelentes resultados no uso de lodo proveniente de estações de tratamentos de esgoto como matéria-prima para substrato de plantas e condicionador de solo.

Nos estudos, o lodo de esgoto foi higienizado e então utilizado como componente de substrato para mudas, e apresentou resultados de produtividade de fitomassa (crescimento da parte do alimento que será consumido) entre 10% e 20% superiores a alguns substratos comerciais utilizados como referência. Além de excelente para as plantas, a utilização do lodo dá uma destinação limpa a esse resíduo, contribuindo para a sustentabilidade ambiental.
 
Os resultados vêm de um trabalho-piloto realizado em solo gaúcho com lodos de quatro diferentes regiões do estado.  A ideia surgiu da intenção de se dar um destino mais nobre aos resíduos sólidos gerados em estações de tratamento de esgoto da Corsan, chamados lodos de esgoto. Esses materiais vinham sendo destinados a aterros sanitários.
 
“Estamos estudando o uso isolado ou combinado com outros substratos, como o potássio, por exemplo. O lodo de esgoto tem pouco potássio, mas é rico em outras substâncias. Vale destacar que todo esse estudo só é válido para o lodo proveniente de estações de esgoto doméstico e não de resíduos industriais. Acreditamos que em, no máximo, dois anos estaremos apresentando ao Ministério da Agricultura pedido de registro para o uso do substrato de lodo”, conta o pesquisador Adilson Bamberg, responsável pelo estudo.
 
Os cientistas alertam que esses resíduos não podem ser aplicados diretamente no solo ou substrato, sob risco de contaminação. A pesquisa desenvolve justamente formas de tratamento viáveis para esses lodos e avalia seu desempenho agrícola.
 
“Não é possível a utilização do material dos Letes direto ao solo de uma lavoura, é preciso fazer a higienização – por compostagem ou por carbonização – e no caso dos Letas, também trabalhamos ele somente após correção, pois se não for corrigido, libera alumínio, ferro e manganês em níveis que são tóxicos para a água e à maioria das plantas”, explica o pesquisador.
 
Ele ressalta ainda que o substrato, apesar de muito eficiente, não pode ser aplicado em qualquer tipo de cultura. “Ele não pode ser aplicado em alimentos que cresçam rasteiros ao solo, como hortaliças, tubérculos ou que encostem no solo, como cenouras. Em contrapartida, é ideal para árvores frutíferas, plantas que crescem como milho, soja, cana-de-açúcar, eucalipto, entro outros”, destaca ele.
 
Os lodos de estação de tratamento de água (Letas), quando descartados diretamente na natureza, causam impactos ambientais significativos. Como os Letas ainda não possuem um marco legal para aplicação em solo agrícola, a pesquisa vem gerando informações que, futuramente, poderão subsidiar uma proposta de legislação específica que regulamente seu uso na agricultura.
 
Esse lodo é rico em nitrogênio, fósforo, cálcio e magnésio, e contém ainda vários micronutrientes, mas oferece risco à saúde humana se não for desinfetado corretamente. Além dos processos conhecidos e normatizados pela legislação brasileira para a higienização de Letes, a pesquisa está avaliando o processo de carbonização para que ele seja melhor utilizado no meio agrícola.