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Ofensiva da Europa é a nova ameaça a produtores de leite

14 outubro 2009 - 00h00Por DCI - Priscila Machado

Ministros da Agricultura da União Europeia (UE) começam a discutir esta semana as medidas a serem tomadas em médio e longo prazo no setor de lácteos, considerando o fim do regime de cotas de produção de leite em 1 de abril de 2015. A Comissão espera gastar em 2009, até 600 milhões de euros em medidas para socorrer esse mercado, o dobro do que havia sido previsto inicialmente para este ano.

A proposta da Comissão referente à extensão do período de intervenção será votada pelo Conselho na próxima segunda-feira em Luxemburgo - este ano, 70% dos pagamentos diretos poderão ser pagos seis semanas antes do habitual (a partir de 16 de outubro) -, mas a Comissão Europeia já avisou que para atender as exigências feitas pelos produtores de leite terá que cortar verbas de outras áreas. A afirmação é de Michael Mann, porta-voz de Bruxelas para a Agricultura, que assegurou que a Comissão vai "estudar com interesse" o pedido de 300 milhões de euros para o setor leiteiro. Mann salientou, contudo, que "para haver mais dinheiro para o leite, haverá menos para outras coisas" e que os Estados-membros podem, a partir do próximo ano, transferir verbas de um setor para outro que esteja em dificuldades.

Mariann Fischer Boel, comissária da Agricultura da UE, que na última semana havia sugerido ao bloco a constituição do grupo que a partir desta semana passa a analisar a situação da cadeia de lácteos no longo prazo, afirmou que está havendo um progresso nos esforços para solucionar os problemas imediatos dos produtores de leite europeus. "Temos de tentar reduzir a instabilidade dos mercados, aumentar a transparência e discutir como nossos produtores podem se organizar melhor. Entretanto, prosseguiremos com nossos esforços para solucionar os problemas imediatos dos nossos produtores de leite", afirmou Boel. De acordo com a comissária, nos próximos dias será autorizado aos Estados-membros o pagamento aos agricultores nacionais que podem atingir 15 mil euros. "Espero que, dentro de duas semanas, o Conselho dê sua aceitação formal a nossa proposta de estender a rede de segurança", disse.

Brasil

A subvenção que poderá ser dada aos lácteos produzidos na União Europeia deve reduzir ainda mais a competitividade dos produtos brasileiros que já apresentam um déficit expressivo em 2009. No País a balança comercial de lácteos no mês de setembro apresentou déficit de US$ 20 milhões, número 34% superior ao registrado no mês de agosto, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Secex/Mdic). Na comparação com setembro de 2008 - quando o saldo foi positivo em US$ 51,1 milhões - a queda é de 139%. Em volume, a queda nas exportações no acumulado dos últimos 12 meses foi de 77%, ficando em 3,9 mil toneladas.

Os números da balança sinalizam a pressão dos importados no comércio de lácteos no Brasil. No mês de setembro o País adquiriu no mercado internacional US$ 28,1 milhões em laticínios, valor 54% superior em relação ao mesmo período de 2008. O incremento do volume no período foi de 131%. O principal produto foi o leite em pó integral do Uruguai e Argentina, representando 41,4% do total, equivalente a 46,2 milhões de litros de leite.

A competição aliada ao período de entressafra fez com que a aquisição de leite cru pelas indústrias caísse para 4,28 bilhões de litros no segundo trimestre de 2009, segundo a estatística da Produção Pecuária do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O volume é 8,7% inferior ao registrado no mesmo trimestre de 2008 e 13,6% menor que o verificado no primeiro trimestre de 2009.

O cenário já mostra seus reflexos no campo. Em setembro, o preço do leite pago ao produtor caiu 3,2 centavos por litro, ou 4,1%, na média para sete estados. No pagamento de setembro a média ponderada foi de R$ 0,7426 por litro (sem descontar impostos e frete). "Para o próximo pagamento, a tendência apontada pelos compradores consultados é de queda", disse Gustavo Beduschi, pesquisador Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).