Novo presidente do MNP critica omissão do governo federal No dia 3 de novembro, Oliveira Nantes Coelho, assumiu oficialmente a presidência do Movimento Nacional de Produtores (MNP), entidade que é o braço de ação política da classe no país. O novo presidente disse que vai dar continuidade ao trabalho de seu antecessor, João Bosco Leal. Em entrevista ao Informe Agropecuário Coelho mostrou sua insatisfação com a forma que a política para o setor vem sendo conduzida.
Para ele o governo federal tem “pecado” na hora de cumprir a lei no tocante ao garantir o direito à propriedade, segurança e paz no campo, como o que vêm ocorrendo nos últimos dias. Segundo Coelho, o modelo de reforma agrária necessita ser revisto, pois as invasões criam instabilidade no setor e, além disso, grande parte dos assentamentos é improdutiva. “O que vemos hoje são assentamentos onde a terra perdeu sua função no cenário econômico, deixou-se de recolher impostos, a produção é de subsistência e os assentados vivem com os pés na cidade e arrendam a terra para os vizinhos, pois, em alguns casos, os lotes sãi muitos pequenos para se produzir”, destaca.
Conforme o presidente do MNP, o governo federal “subsidia e protege” todo e qualquer movimento contra a classe produtora. “Esse é o grande ponto de interrogação que vivemos hoje”, disse, dando o exemplo da invasão que ocorreu no mês passado em Lençóis Paulista, quando mais de sete mil pés de laranja foram derrubados por invasores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “E ninguém foi punido”, acrescenta.
Questionado sobre o que pensa do posicionamento do MST, de se voltar a produção de alimentos do país para o consumo interno baseado na agricultura familiar, Coelho disse que esta idéia não combina com o posicionamento que o Brasil tomou no cenário internacional – ser o celeiro do mundo. “Estamos sendo conduzidos para a inviabilização da produção no país por conta dessas questões, e o governo não faz nada. O agronegócio é de fundamental importância para as exportações brasileiras, somos os responsáveis pelo saldo positivo da balança comercial. Sem os produtores estes índices seriam negativos”, comenta.
Apesar das críticas quanto à condução da política de reforma agrária, Coelho não deixa de reconhecer que, no que diz respeito a financiamento da produção agropecuária no país, o governo federal “tem ajudado”.
Aqui - Quanto às questões estaduais ele acredita que Mato Grosso do Sul será penalizado com o novo zoneamento econômico divulgado pelo governo federal. De acordo com o projeto do Ministério do Meio Ambiente, na área pertencente à bacia hidrográfica do alto Paraguai (região norte/ noroeste do Estado) fica proibida a instalação de usina de álcool e açúcar, bem como a plantação de cana-de-açúcar. “Em muitos casos, uma pequena parte do município fica no Pantanal, mas todos aqueles que estão no planalto foram prejudicados”.
Para Coelho, o plantio da cana-de-açúcar poderia até ser um fator de proteção ao meio ambiente já que, conforme ele, as curvas de níveis – exigidas para o plantio – evitariam as erosões. “Se houvesse cana na região o rio Taquari não estaria assoreado”, defende. “E ela ainda seria uma boa alternativa para recomposição de uma cobertura vegetal em substituição a mata ciliar degradada”, finaliza.