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Nova técnica de “criação” de jacaré promete renda de R$ 40 mil

09 outubro 2009 - 22h53

Houve um tempo em Mato Grosso do Sul que a ação criminosa de contrabandistas de peles quase que levou o jacaré ao risco de extinção. Este cenário se reverteu. Hoje não há caçadores e os animais deram conta de refazer a população e afastar de vez o fantasma da extinção. Mas nem por isso a pele do animal perdeu seu valor, e sua carne é vendida a mais de R$ 30,00 o quilo, fatores que fazem dele uma alternativa de renda viável para o pantaneiro.

Pensando nisso a OSCIP (Organização Social Civil de Interesse Público) Instituto do Parque do Pantanal, juntamente com a Universidade para a Integração do Pantanal (Uniderp) desenvolveram o Projeto Jacaré do Pantanal.

Segundo a diretora administrativa da entidade, Rejane Figueiredo, o objetivo é oferecer uma alternativa de renda ecologicamente correta e ambientalmente sustentável. “Todos podem implantar o modelo que desenvolvemos, o custo é baixo e a rentabilidade alta”, comenta.

Com a venda da carne e do couro a renda chega a R$ 40 mil por ano, isso criando apenas quinhentos animais, afirma a diretora.

Como é – Joilson Medeiros de Barros, técnico no projeto, conta que o sistema é muito simples. “Você não vai criar o jacaré, vai apenas cuidar dele até um ano de idade”, inicia a explicação. “Tudo começa com um censo populacional da propriedade”, segue.“Com estes dados na mão você vai saber quantos ovos se pode retirar da natureza. Depois, coloca os ovos para encubarem”.

Após a eclosão dos ovos, os animais são levados para tanques com cerca de 50cm de profundidade, os mesmos usados como bebedouro para o gado, que são protegidos por uma mureta, contra predadores terrestres, e com uma tela por cima, contra os aéreos. Lá cria-se um ambiente semelhante ao encontrado na natureza, com plantas aquáticas e sombra.

Questionado sobre a ração que os jacarezinhos comem Barros responde: “não se alimenta os animais”. Como assim? Conforme ele, o pulo do gado é uma lâmpada. “A gente instala uma lâmpada em cima de cada tanque. O que atrai os insetos, é o que eles comem nos primeiros meses de vida na natureza”. Só isso? “Se necessário, colocamos alguns peixinhos e minhocas”, completa.

De acordo com Rejane Regiane, o projeto não prevê a criação do animal até a idade de abate. “Nós, depois de um ano, devolvemos os jacarés para a natureza e, em troca, obtemos a autorização do Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis] para capturarmos os exemplares adultos. Estes sim serão abatidos”, detalha.

Segundo Barros, na natureza, apenas 10% dos jacarés chegam à idade reprodutiva. Com a devolução de mil animais ao meio ambiente e a retirada de 600, o restante é suficiente para manter a taxa populacional como se nenhum tivesse sido abatido. “Os 400 restantes são suficientes para fazer a reposição dos 10% que ocorreria naturalmente”, detalha.

Os animais são mantidos protegidos até um ano, quando eles adquirem um sistema de defesa mais eficiente do que durante idade mais tenra. “Depois de eclodirem, a defesa é apenas se agruparem ao sinal de perigo. O que não é uma boa idéia, pois dessa forma o predador acaba capturando mais jacarezinhos do que pretendia”, explica Barros.

Para serem abatidos, os exemplares adultos são capturados com um laço, preferencialmente os machos, e depois levados para um frigorífico. Durante a pesquisa, foram usadas as instalações de uma planta em Cáceres, Mato Grosso. A expectativa é a de que, com a construção do frigorífico da Embrapa em Campo Grande, os animais sejam abatidos aqui.