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Mão de obra que migra é problema

07 outubro 2009 - 00h00Por O Estadão

Embora as iniciativas da indústria de capacitar cortadores sejam muito bem-vindas, elas resolvem apenas parte do problema, diz a coordenadora do Grupo de Extensão em Mercado de Trabalho (Gemt), da Esalq/USP, Márcia Azanha Ferraz Dias de Moraes. "O problema é que, mesmo com programas de capacitação, ainda sobra um contingente de trabalhadores que migram de regiões pobres para cortar cana", explica. "Faltam políticas públicas voltadas à educação e à criação de empregos nas regiões de origem."

Márcia, uma das autoras da pesquisa Migração espontânea de trabalhadores no setor sucroalcooleiro, ouviu 88 cortadores que migraram de Pedra Branca (CE) para Leme (SP). A pesquisa constatou falta de emprego - 51% dos entrevistados não tinham trabalho na cidade de origem - e baixa escolaridade - 17% são analfabetos e 33% têm de 1 a 3 anos de estudo. "Num cenário de mecanização, eles dificilmente conseguiriam recolocação profissional." Hoje, a cana emprega 528 mil pessoas e, de 126 mil analfabetos, 65% são ligados a atividades não mecanizadas.

A pesquisa também revelou que esses migrantes obtêm boa remuneração no corte - a média salarial dos entrevistados foi de R$ 850 (safra 2007/2008). "Tanto que, dos cortadores que já fixaram residência em Leme, 54% vão continuar em São Paulo quando a colheita for mecanizada. A migração vai continuar." Outro dado é que a o impacto da mecanização não se limitará à renda pessoal dos migrantes. "O dinheiro do corte movimenta a economia da região de origem, porque esse cortador volta para casa e compra casa, carro. Haverá, portanto, reflexos também na cidade de origem."