Este não tem sido o que podemos chamar de ano favorável para carne bovina.
Do inÃcio de janeiro até o inÃcio de agosto, a cotação da carcaça de bovinos castrados caiu 17,4% no mercado atacadista de São Paulo, saindo de R$10,06/kg para R$8,31/kg.
Com isso, a diferença entre o custo de matéria-prima (boi) e a receita dos frigorÃficos que não desossam atingiu as mÃnimas da série histórica da Scot Consultoria, que se inicia em 2003.
Contudo, ao mesmo tempo, outras movimentações muito importantes também ocorreram no mercado, sobretudo de junho a meados de agosto (fechamento deste artigo): a forte recuperação de preços das carnes de frango e suÃna no atacado.
Na média mensal, de maio a meados de agosto, as carcaças de frango e suÃna subiram 25,5% e 30,1%, nesta ordem. Neste mesmo perÃodo, o boi casado recuou 6,5%.
Dessa forma, a competitividade da carne bovina teve considerável incremento, principalmente a partir de maio.
Para efeitos de comparação, com o valor de um quilo de carcaça bovina era possÃvel adquirir 2,8 quilos de frango e 1,9 quilo de suÃno em maio.
Em agosto, na média até a terceira semana, estas relações caÃram para 2,2 quilos de frango e 1,5 quilo de suÃno, reduções de 23,0% e 20,2%, respectivamente.
A restrição produtiva para a carne suÃna e de frango, estimulada sobretudo pelas valorizações expressivas do milho, colaborou para este ajuste. A migração de parte do consumo da carne bovina para estas proteÃnas é outro fator.
O que esperar para os próximos meses?
O ajuste produtivo ocorrido para o frango e suÃno não deve se desfazer em curto prazo, já que a pressão de custos deve permanecer sobre estas cadeias. Assim, do lado da oferta ainda deveremos ter um mercado enxuto.
Com uma concorrência mais acirrada entre as proteÃnas animais, ao menos uma parte do consumo pode se deslocar de volta para a carne bovina, contando com uma ajuda da maior demanda sazonal no segundo semestre.
Com isso, poderemos ter um estÃmulo à correção do desajuste entre preço da carne bovina e do boi gordo, ficando mais fácil imaginar um cenário para altas sustentadas para o boi até o fim do ano.
Veremos!