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Kadiwéus ameaçam invadir propriedades em Bodoquena

11 junho 2013 - 21h42Por Ângelo Smaniotto / Via Livre Assessoria
Para quem achava que os conflitos causados pelas demarcações de supostas terras indígenas limitava-se ao sul do Estado, em reunião nesta terça (11) na sede da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul – Acrissul, ficou comprovado que não. As propriedades situadas no oeste sul-mato-grossense, mais especificamente no município de Bodoquena viraram alvo de invasões.
 
Buscando orientações de como e o que fazer, produtores locais estiveram com o presidente da entidade Francisco Maia, expondo a situação que estão vivendo nos últimos dias. Aproximadamente 15 propriedades estão em iminência de invasão, evitada através do diálogo dos produtores com os indígenas.
 
“Eles chegam querendo entrar de uma vez, mas na base da conversa conseguimos evitar os confrontos, por enquanto”, conta Edinho Carvalho, vereador da cidade e proprietário cuja área encontra-se na região pretendida pelos índios.
 
Segundo ele, todas as fazendas situadas naquela região têm em média 50 hectares, ou seja, são pequenos produtores que criam gado leiteiro, de corte e cultivam lavouras. Algumas dessas terras inclusive são oriundas de reforma agrária promovida a mais de 30 anos.
 
Os produtores que participaram do encontro estão situados no distrito de Morraria do Sul, próximo de seis aldeias da tribo Kadiwéu. Segundo os mesmos, indíos da aldeia Alves de Barros são quem estão incentivando essas ações de invasão.
 
O vereador afirma também que não tem ninguém da Funai realizando as medições para determinar o aumento das supostas terras indígenas que, conforme ele, correspondem atualmente a 360 mil hectares ocupados por aproximadamente 1,2 mil índios, ou seja, 300 hectares por índio.
 
“Não há reserva indígena em Bodoquena e sim em Porto Murtinho e Corumbá”, destaca o advogado José Amaral, que representa alguns dos produtores do município. Ele conta ainda que todas as matrículas das propriedades afetadas datam do final da década de 70 e foram homologadas em 1984, período anterior à Constituição Federal, determinante para estabelecimento do marco temporal.
 
O drama
 
Integrante do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf, Antônio Roberto Santos teve sua propriedade invadida no dia 6 de junho e até agora não conseguiu a reintegração de posse. Criador de gado para cria e recria a 7 anos, ele teme pelo sustento da família de 6 pessoas já que a única fonte de renda não produz mais na mesma quantidade devido a interferência indígena. 
 
Situação parecida vive Assis de Souza Ferreira, lavrador de feijão e milho que ainda consegue manter os invasores fora de sua área de quase 37 hectares. “Vendi tudo o que eu tinha para viver da plantação. Não sei o que vou fazer se eu perder meu terreninho”.
 
Um dos mais antigos no distrito, Roberto Dias Brito desenvolve a pecuária de corte a 15 anos numa área de 67 hectares e nunca tinha passado por situação parecida até os últimos 3 anos. Único provedor da família, não quer nem imaginar o que pode acontecer caso os índios não aceitem mais conversar. “Por enquanto eles ainda escutam a gente, entendem o nosso lado, mas e quando eles mudarem de ideia”, indaga.