Menu
Busca sexta, 26 de abril de 2024
Busca
(67) 3345-4200
Campo Grande
Previsão do tempo
26º
Notícias

Juiz responsável por Carne Fraca diz que não há comprovação de carnes impróprias para consumo

27 março 2017 - 00h00Por G1

O juiz federal Marcos Josegrei, responsável pela operação Carne Fraca, afirmou nesta sexta-feira (24) que as investigações não tiveram como foco a qualidade dos produtos vendidos no Brasil, mas sim a apuração de crimes como corrupção, associação criminosa e extorsão, supostamente cometidos por agentes públicos e funcionários de empresárias do ramo.

"A investigação teve como finalidade a apuração de corrupção de um determinado grupo de fiscais inicialmente no estado do Paraná, que alegadamente não cumpririam com seu dever como manda a lei. Em determinada circunstância, portanto, cometiam crimes contra a administração publica, tais como a corrupção", disse.

O magistrado ressaltou que, até este momento, não se pode afirmar que os produtos comercializados pelas empresas investigadas possam fazer mal à saúde.

"Não se pode afirmar que nenhuma dessas empresas está colocando no mercado produtos impróprios para o consumo. Essa afirmação seria uma generalização temerária neste momento. O que se pode afirmar é que há indícios suficientes de que representantes de diversas empresas estavam com uma relação muito próxima com fiscais agropecuários e isso causava problemas de corrupção", disse o juiz.

Josegrei defendeu a qualidade da carne brasileira e disse que o problema, a princípio, é burocrático. "As empresas muitas vezes se associavam com os fiscais para romper barreiras burocráticas. Isso fazia com que procedimentos fossem agilizados, processos andassem mais rápidos do que deveriam, tinham acesso indevido a sistemas internos do Mapa [Ministério da Agricultura]. Não se pode dizer que as carnes ou os produtos exportados e consumidos no mercado interno por essas empresas não têm qualidade".

Segundo o juiz, os laudos apresentados pelo fiscal Daniel Gouvêa Teixeira, que deram origem à operação, não mencionam carnes estragadas.

"A PF [Polícia Federal] obteve dois laudos: um no que diz respeito aos produtos de um dos frigoríficos [Souza Ramos, em Colombo, no Paraná] e o outro do outro frigorífico [Peccin, em Curitiba]. Com esses laudos, a PF identificou que havia alguma impropriedade nos produtos que eram vendidos.

"Veja: eu não estou dizendo que esses produtos faziam mal à saúde, que causavam doenças. Eu estou dizendo que, de acordo com esses laudos, eles não tinham a propriedades que o rótulo dizia que e deveriam ter", explicou. Ambos frigoríficos negam problemas em seus produtos.

Josegrei reforçou que a prática de corrupção entre os fiscais é minoria entre os profissionais brasileiros. "É importante registrar que a maior parte dos fiscais é composta de gente correta, honesta, e que faz o seu trabalho diariamente".