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Investidores apostam no Cerrado e compram terras

17 março 2010 - 00h00Por Valor Econômico.

Um grupo pouco conhecido de produtores rurais e investidores financeiros criou uma empresa com foco na aquisição de propriedades rurais, a Tiba Agro. À surdina, eles já têm em mãos 320 mil hectares de terras no Cerrado brasileiro, montante que supera o estoque acumulado por companhias como BrasilAgro, Calyx Agro e Sollus Capital.

O projeto surgiu de uma gestora de recursos, a Vision Brazil Investments, de dois ex-executivos do Bank of America: Fabio Greco e Amauri Fonseca Junior, que têm fatia de 25% da Tiba.

Para juntar os recursos necessários para a aquisição das áreas, eles levantaram US$ 300 milhões por meio de fundos de private equity, com cotistas americanos e europeus que passaram a ter 45% da companhia. Também se uniram a dois produtores rurais, os irmãos Francioni, da Bahia, e o grupo Golin, da região Centro-Oeste, que já possuíam algumas fazendas que foram trocadas por 30% da Tiba.

"A produção agrícola vai passar por um processo de consolidação como o que houve no varejo. Hoje, ela está muito pulverizada, distribuída entre diversos agricultores familiares. Isso deve mudar", diz Marcelo Marques Moreira Filho, presidente da Tiba Agro.

O próximo passo da Tiba Agro será colocar suas 13 fazendas no Piauí, no Mato Grosso e na Bahia para produzir grãos, principalmente soja, algodão e milho. Hoje, só há plantação em 9,3 mil hectares. Para isso, cerca de US$ 300 milhões estão sendo levantados com investidores do Oriente Médio em um fundo de private equity. Os recursos também serão utilizados para a aquisição de novas áreas.

De acordo com Moreira Filho, conforme a produção avançar, a Tiba estuda separar os braços de aquisição imobiliária e de produção agrícola. A partir disso, poderia ser criado com as terras um fundo imobiliário, por exemplo.

O solo brasileiro tem atraído recentemente bilionários investimentos tanto locais quanto estrangeiros. Uma pesquisa feita no ano passado pela Grain, organização não-governamental espanhola de pesquisas e análises, apontou que um quarto dos 120 investidores globais de latifúndios já estão no Brasil. O negócio desses investidores é comprar a terra bruta a um preço baixo, torná-la própria para o plantio e depois vendê-la a valores mais alto.

Um exemplo de companhia que compra terras com capital estrangeiro e brasileiro é a Sollus, que tem como sócios o Pactual Capital Partners (PCP), o grupo argentino Los Grobo e o fundo americano de commodities Touradji. Ela possui 35 mil hectares de propriedades agrícolas e pretende encerrar o ano com 80 mil hectares, sem se envolver com a produção.

Já a BrasilAgro, com 174 mil hectares comprados por um fundo da Tarpon, pela argentina Cresud e por Elie Horn (fundador da Cyrela), tem um modelo de negócio mais parecido com o da Tiba Agro, que envolve a conversão de terras e a produção. Aproximadamente 50 mil hectares já estão sendo cultivados.

O curioso dessa indústria em criação no Brasil é que, apesar do crescente número de empresas que visam a compra de áreas cultiváveis, ninguém ainda se considera concorrente. Os participantes desse mercado conversam entre si e até trocam informações.

"O universo de terras cultiváveis no Brasil é tão grande que ainda é impossível existir concorrência. Tem espaço para todo mundo", afirma Flávio Inoue, presidente da Sollus.