A apenas 130 quilômetros do centro de São Paulo, onde a paisagem das montanhas e o barulhinho das cachoeiras dão um toque todo especial às cidades do Circuito das Águas, existe uma fazenda bem diferente. Uma fazendinha, diga-se de passagem. Apesar de seu proprietário ter quase 2 metros de altura e não ter nada de 'inho', o Haras São Francisco, em Socorro, transformou-se no berço dos mini-cavalos brasileiros.
De lá, saíram quase todos os exemplares de equinos em miniatura que povoam o plantel nacional e agora, com cavalos cada vez menores, o haras também começa exportar animais. Ariodante Beneduzzi, popularmente conhecido na cidade como Dantinho, é o homem dos pequenos cavalos. Sempre foi apaixonado por animais e chegou a ter grandes criações de cavalos Mangalarga e de gado Nelore na região. Largou tudo quando percebeu o crescimento do segmento dos mini-animais, nos anos 1990. "No início, era tudo um hobby, mas depois virou um negócio rentável. Hoje, estamos começando a colher os frutos de investimentos que fizemos 15 anos atrás, quando importamos alguns exemplares de american miniatuare horse em parceria com outros criadores brasileiro", conta o empresário.
Estes bons frutos significam animais cada vez menores, como o cavalinho branco de 45 centímetros, o "Pequeno Príncipe" que nasceu no haras de Beneduzzi, no ano passado. O animal foi vendido por quase R$ 60 mil e hoje vive em Goiás. O menor cavalo do mundo que se tem notícia nasceu na Inglaterra, no ano passado. Einstein, como foi batizado, mede 35 centímetros e pesa 4 quilos.
Ele também é da raça american miniature horse. No haras de Dantinho, tudo é adaptado para os pequenos: as baias são menores, com portinholas bem baixas para que os animais, quando guardados, possam "curtir" o movimento da propriedade colocando a cabeçinha para fora. Os cochos também ficam quase no chão.
"Eles comem muito pouco e são mais econômicos, pois não exigem mão-de-obra redobrada não", afirma o criador. Na propriedade, que fica no centro da cidade, existem quase 100 animais, quase todos medindo entre 0,60 e 0,90 metro. Três funcionários se dividem para cuidar da turma, que deita e rola no gramado do haras quando estão soltos. Desde que iniciou o negócio, o criador já vendeu cavalos em miniatura para todo os estados brasileiros.
De 2009 para cá, começou a exportar animais para o Senegal, Argentina e Uruguai, estes dois, os principais países produtores de mini-cavalos. Por ano, a média de venda é de 300 animais, cujos preços variam conforme o tamanho.
"Quanto menor o cavalo, maior o preço", resume. Ele afirma que o preço de um mini pode variar de R$ 5 mil até R$ 100 mil, embora nos Estados Unidos já tenham sido registradas as vendas de pequenos cavalos por R$ 150 mil."Recebemos muitas pessoas interessadas em comprar um mini-horse para cria-los em sítios, chácaras, escolas, parques e hotéis, mas ultimamente, os clientes querem os bichos para serem pets, fazer companhia para crianças ou iniciar um criatório".
Origem No Brasil, os mini cavalos são descendentes de pôneis pré-históricos Shetland, da Inglaterra, e dos argentinos Fallabelas.
Há quase 15 anos, os animais começaram a ser cruzados com o american miniature horse, citado anteriormente pelo empresário. "Quem olha, pensa que são animais frágeis, mas estes cavalos são extremamente rústicos como seus antepassados", diz o criador. Os mini-horses têm dupla aptidão para sela e tração. Na tração, eles são utilizados para puxar mini-carroças com crianças.
"São animais muito rústicos, que tiveram que enfrentar geleiras em terrenos montanhosos e aprenderam a se embrenhar na mata para fugir de seus predradores. Eles conservaram muito destas características". O Haras São Francisco é aberto a visitações. No local, o empresário também mantém uma loja de mini-acessórios, onde é possível comprar uma mini-sela, mini-esporas e mini-chapéus.